A relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, Agnès Callamard, instou as Nações Unidas a reforçarem o seu papel na prevenção do assassínio de jornalistas e dissidentes.
Agnès Callamard pediu às Nações Unidas que criassem "mecanismos" para proteger os jornalistas, reagir rapidamente a ameaças contra eles, investigar casos suspeitos de desaparecimento ou assassínio e contribuir para a preparação de processos judiciais.
Callamard fez estas recomendações ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, onde apresentou um relatório de uma investigação sobre o assassínio de Jamal Khashoggi em outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, em que são visados altos funcionários sauditas, incluindo o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.
"As evidências recolhidas pela investigação sugerem que o assassínio de Khashoggi é uma execução extrajudicial, um desaparecimento forçado e possivelmente um ato de tortura, pelo qual o Reino da Arábia Saudita é responsável", declarou perante o Conselho, considerando que existiu uma "paralisia das Nações Unidas".
Agnès Callamard referiu que a investigação revelou "provas confiáveis", que justificam investigações sobre a "responsabilidade de altos funcionários sauditas, incluindo o príncipe herdeiro da Arábia Saudita", frisou.
O embaixador da Arábia Saudita na ONU em Genebra, Abdulaziz Alwasil, rejeitou as conclusões do relatório de Callamard, dizendo que se baseou em "preconceitos e ideias preconcebidas", acusando a especialista francesa de exceder o seu mandato.
O embaixador Abdulaziz Alwasil alegou que Agnàs Callamard não seguiu os procedimentos apropriados e usou "artigos ou fontes não credíveis" no seu relatório de 101 páginas.
Callamard, uma especialista independente que não fala em nome das Nações Unidas, explicou que o seu relatório não é uma investigação criminal, mas uma investigação de Direitos Humanos.
A especialista pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que avance com uma investigação internacional sobre o assassinato, mas admitiu que pelo menos um "país membro" da organização deve fazer o pedido.