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A política externa dos EUA é "uma aberração", diz presidente do g7+

O presidente do g7+, organização que reúne 20 países considerados frágeis, defendeu hoje o multilateralismo e condenou a política externa dos Estados Unidos, que descreveu como "uma aberração" e que "não vai durar muito tempo".

A política externa dos EUA é "uma aberração", diz presidente do g7+
Notícias ao Minuto

18:38 - 26/06/19 por Lusa

Mundo Francis Kai Kai

Em entrevista à Lusa, Francis Kai Kai, que é também o atual ministro do Planeamento e do Desenvolvimento Económico da Serra Leoa, afirmou que "o g7+ acredita no multilateralismo" e sublinhou que existem problemas que exigem soluções globais, que nenhum país pode resolver sozinho.

"Mesmo os Estados Unidos não conseguem resolver estes problemas, nem os seus próprios problemas. O que está a acontecer lá é uma aberração e acredito que esta política externa não dure muito tempo", salientou o responsável do g7+, uma organização intergovernamental que junta 20 países frágeis e afetados por conflitos, que está em Lisboa a participar na 5.ª reunião ministerial do grupo.

Francis Kai Kai considerou "uma ironia" que os países que "beneficiaram do multilateralismo e prosperaram com a globalização" sejam também "os mesmos que agora querem virar costas ao multilateralismo", chamando a atenção para o papel das Nações Unidas:

"Acreditamos que as Nações Unidas são o centro do multilateralismo e da diplomacia internacional e pode propor soluções globais para problemas que um país sozinho não consegue resolver".

Assinalou também que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "é um campeão do multilateralismo" e é por isso apoiado por todos os membros do g7+.

"Quando somos pequenos face à economia global, quando não temos muita influência, quando temos muitos outros fatores que afetam o desenvolvimento e temos vizinhos fortes que vão seguindo em frente, não temos outra escolha que não seja a promoção do multilateralismo", frisou o político serra-leonês.

Por outro lado, focou a "solidariedade" entre os países do g7+, organização criada na capital timorense, Díli, em 2010, dizendo que este apoio mútuo ajuda a negociar com outros blocos, no interesse de todos.

"Se formos bem-sucedidos com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, a União Europeia e outros parceiros multilaterais" outros países poderão ver que existem benefícios e "estamos abertos a todos", acrescentou, realçando o "princípio de inclusão" do g7+.

Francis Kai Kai, que participou na terça-feira numa conferência sobre recursos naturais afirmou também que é preciso "mudar a narrativa dos recursos naturais em África", através de "boa governação" e da alteração do paradigma extrativo para o de desenvolvimento.

"Precisamos de uma nova abordagem, os recursos devem ser vistos como uma fonte de desenvolvimento e não ser apenas extraídos e retirados do país", sugeriu.

Usando a Serra Leoa, que tem na mineração de diamantes uma das principais riquezas, como exemplo, Francis Kai Kai apontou a introdução de novos códigos de conduta, legislação sobre a atividade mineira e implementação da Iniciativa a favor da Transparência das Indústrias Extrativas (ITIE) como algumas das melhorias introduzidas.

A Serra Leoa lançou também este ano uma Agência Nacional para os Minerais, que vai "monitorizar a implementação dos contratos com as empresas mineiras e garantir que todas as partes envolvidas cumprem as suas obrigações", acrescentou o ministro.

O g7+, que tem a sua sede europeia na capital portuguesa, integra 20 países: Afeganistão, Burundi, Chade, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Haiti, Iémen, ilhas Comores, ilhas Salomão, Libéria, Papua Nova Guiné, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Somália, Sudão do Sul, Timor-Leste e Togo.

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