Merkel falará com Bolsonaro sobre o avanço da desflorestação no Brasil
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje que pretende falar com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sobre o avanço da desflorestação no Brasil durante a realização do encontro do G20, no Japão.
© Reuters
Mundo Alemanha
"Vejo com grande preocupação a questão das ações do Presidente brasileiro [em relação ao desmatamento] e, se for possível, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele [sobre o assunto]", afirmou Merkel aos deputados alemães.
A governante alemã ressalvou, no entanto, que este diálogo não coloca em dúvida a conclusão iminente de um acordo de comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (bloco fundado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Mais de 300 organizações não-governamentais (ONG) europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e o grupo Amigos da Terra, questionaram recentemente o acordo comercial entre UE e o Mercosul, face ao receio de que a expansão das atividades agrícolas no Brasil, fortemente apoiada pelo Governo de Bolsonaro, incentive o desmatamento na floresta amazónica e os conflitos promovidos por fazendeiros contra indígenas e moradores de comunidades tradicionais.
As ONG exigiram que o Governo brasileiro adote "medidas rigorosas" contra o desmatamento e "compromissos" em favor do acordo de Paris sobre o clima, celebrado em 2015.
A chanceler alemã defendeu que impedir o acordo "não é a resposta para o que está a acontecer agora no Brasil."
"Acredito que a não conclusão do acordo com o Mercosul não contribuiria de forma alguma para que menos hectares [de floresta] sejam desmatados no Brasil, pelo contrário", disse Merkel.
A conclusão deste acordo entre os dois blocos está "iminente", segundo os chefes de Estado do Brasil e da Argentina, após 20 anos de negociações.
Na Europa, além da preocupação com o desmatamento um acordo de comércio com o Mercosul tem sido criticado por agricultores que temem uma inundação de produtos sul-americanos no mercado europeu se houver a abolição de certos direitos aduaneiros.
Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon) divulgados na última sexta-feira, a desflorestação da Amazónia Legal (área delimitada na amazónia brasileira em que são permitidas algumas atividades de exploração humana) aumentou 26% em maio de 2019 face ao mesmo período do ano anterior.
Os dados indicam que quase 800 quilómetros cúbicos da Amazónia legal foram desflorestados enquanto no mesmo período do ano anterior a área impactada foi de 634 quilómetros cúbicos.
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