Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 14º MÁX 21º

Espanha. Recebe roca que era sua há 83 anos, quando lhe fuzilaram a mãe

Roca encontrada em vala comum da Guerra Civil espanhola foi entregue ao filho da vítima, 83 anos depois.

Espanha. Recebe roca que era sua há 83 anos, quando lhe fuzilaram a mãe
Notícias ao Minuto

08:42 - 23/06/19 por Notícias Ao Minuto

Mundo Guerra civil

"Se a minha mãe estivesse aqui, dir-lhe-ia que amo muito e que estava muito feliz”, disse Martín, a partir do sofá de sua casa em Cevico de la Torre, um município da Espanha na província de Palência. Há 83 anos, quando tinha apenas meses de idade, perdeu a sua mãe para um pelotão de fuzilamento, durante a Guerra Civil espanhola.

Uma equipa de arqueologia devolveu-lhe, agora, perante as câmaras do El País, uma roca desenterrada da vala comum onde estava o cadáver da mãe. Com o brinquedo devolveram também à família toda a história de Catalina Muñoz Arranz, fuzilada a 22 de setembro de 1936.

Catalina foi a única vítima mortal do sexo feminino em Palência ( na comunidade autónoma de Castela e Leão) a ser submetida a julgamento, diz o mesmo diário, indicando que todas as outras vítimas foram mortas sem condenação. É por essa razão que havia registo da sua campa e foi por isso que foi possível identificar Catalina sem recorrer a provas de ADN.

A mãe de quatro filhos, dos quais Martín era o mais novo, foi condenada à morte depois de julgada em conselho de guerra, numa província que nunca esteve em guerra mas que foi assolada pela repressão franquista.

Catalina tinha ferimentos de bala no crânio, nas vértebras cervicais, na clavícula e nas costelas, de acordo com o relatório forense. A roca estava ao lado da sua anca esquerda.

Notícias ao MinutoImagem dos restos mortais de Catalina, com a roca a seu lado© Reprodução Sociedad de Ciencias Aranzadi

Martín foi criado por uma tia e não se lembra nem da mãe nem do brinquedo. O pai, que tinha sido preso durante a guerra, foi trabalhar para Bilbao quando saiu e só regressou para junto dos filhos oito anos antes de morrer. Nunca falou sobre Catalina e os filhos nunca lhe perguntaram.

Também nunca souberam onde estava enterrada Catalina, nem sequer que tinha sido desenterrada em 2011, por uma equipa de arqueólogos da Sociedad de Ciencias Aranzadi.

Notícias ao MinutoFotografia detalhada do brinquedo, enterrado durante mais de oito décadas© Reprodução Sociedad de Ciencias Aranzadi

“A roca é um objeto excional, primeiro porque ajudou a identificar o cadáver de Catalina, porque se sabia que tinha um filho de oito meses, e segundo porque nunca se encontrou mais nada do género e nenhuma vala da Guerra Civil”, indicou uma das arqueólogas, Almudena García-Rubio, ao El País.

Agora, conhecendo-se a história e recuperando a preciosa última memória de Catalina, a família reclamou os restos mortais. Foram a enterrar junto ao marido, Tomás, numa cerimónia de homenagem organizada por uma associação histórica local.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório