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Verdes começaram no ativismo e são aceites como solução para o país

A união de ambientalistas e ativistas na década de 1970 abriu caminho para o sucesso dos Verdes alemães, que após o resultado histórico nas últimas eleições europeias reúnem agora as preferências da maioria dos alemães para o governo.

Verdes começaram no ativismo e são aceites como solução para o país
Notícias ao Minuto

08:11 - 18/06/19 por Lusa

Mundo Alemanha

O partido, que entrou para o parlamento alemão pela primeira vez em 1983, conseguindo, na altura, 5,7% dos votos, chegou aos 20,5% nas últimas europeias.

Desde a eleição de 26 de maio, a popularidade dos Verdes não tem parado de crescer, transformando-se no partido favorito dos alemães.

De acordo com a maioria das sondagens publicadas no mês de junho, se as legislativas acontecessem hoje, os Verdes conseguiriam entre 26% a 27%, transformando-se no partido mais votado na Alemanha.

Para Hans-Josef Fell, militante dos Verdes desde 1993, o partido está preparado para assumir o governo.

"Os Verdes já têm uma longa experiência à frente do governo regional de Baden-Württemberg, o terceiro maior estado da Alemanha, por isso também o conseguiriam fazer a nível nacional", assegura à Lusa o fundador e presidente do "Energy Watch Group".

Os resultados dos Verdes nem sempre foram os melhores, fruto da defesa de políticas pouco populares.

Nas eleições de 1998, por exemplo, perderam apoios depois de pedirem o aumento dos impostos dos combustíveis, o que duplicaria o preço do barril. Outra das medidas que não convenceu foi a introdução de um "Dia Vegetariano" com o objetivo de combater as alterações climáticas.

"Os Verdes tornaram-se mais pragmáticos, principalmente por não terem conseguido conquistar os seus objetivos, como a proteção climática, e aprenderam a desenvolver um negócio, propondo uma economia verde. Isto é, deixaram de ser apenas um partido na oposição e passaram a propor, a criar, a apresentar soluções para os problemas das pessoas", constata o antigo membro da bancada parlamentar dos Verdes.

Em 1998, os Verdes entraram para o governo, coligados com o Partido Social Democrata.

Desempenharam um papel fundamental no encerramento gradual das últimas 17 centrais nucleares até 2020 e propagação de energia renovável, que representa cerca de 40% do total de energia fornecida no país.

"A Alemanha liderou até praticamente 2010. Depois disso, com as políticas levadas a cabo por Angela Merkel e os seus governos de coligação, o país foi perdendo cada vez mais o lugar cimeiro em matérias ambientais e de proteção climática. A Alemanha já não é líder. Isso deve-se, sobretudo, à indústria do país que é altamente poluente", frisa Hans-Josef Fell, em declarações à agência Lusa, dando os exemplos dos setores automóvel ou químico.

O fim do governo do chanceler Gerhard Schröder ditou o afastamento dos Verdes do executivo alemão, mas, mesmo como partido da oposição desde 2005, ajudaram a que avançasse a legislação que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e apoiaram a entrada de milhões de refugiados e migrantes que na Alemanha.

O antigo porta-voz dos Verdes no parlamento, com a pasta da energia, acredita que, cada vez mais, "as pessoas estão muito preocupadas com as alterações climáticas" e isso ajuda a explicar os bons resultados do partido.

"Na Alemanha o fenómeno cresceu durante o último ano, muito por causa das manifestações dos jovens através do movimento 'Friday's for future'. As pessoas começaram a questionar-se se os motivos faziam sentido, e perceberam que sim, que é preciso fazer muito mais nesta matéria. Chegaram à conclusão de que nenhum outro partido, além dos Verdes, defenda políticas amigas do ambiente", realça.

O vídeo do famoso 'youtuber' alemão Rezo, que tem já mais de 15 milhões de visualizações e ataca a inação da União Social-democrata (CDU), o partido Social-democrata (SPD) e o Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) no ataque às alterações climáticas, também terá ajudado os bons resultados.

Para Hans-Josef Fell, Angela Merkel "nunca foi uma chanceler 'pró-clima', apenas passou essa imagem", sendo urgente que a Alemanha "volte às tecnologias limpas", como há 10 anos.

"Praticamente todas as decisões que Merkel tomou foram contra o ambiente [...] Neste momento todo o seu partido está confuso, pois não perceberam a tempo que as medidas de proteção ambiental iriam ter impacto no resultado das eleições", enfatiza.

O presidente da rede internacional de proteção climática "Energy Watch Group" acredita que, para que uma nova coligação entre o SPD e os Verdes funcione, a proteção climática terá de ser uma prioridade, passando, por exemplo, por uma energia 100% renovável.

"Sabemos que 65% dos gases com efeito de estufa no mundo estão ligados a sistemas de energia fóssil e nuclear, por isso mesmo, quando ambicionamos reduzir e chegar a um nível zero de emissões, temos de mudar para energias 100% renováveis", realça Hans-Josef Fell.

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