Ultimato dos EUA a compra de mísseis russos "contraria espírito" da NATO
O Ministério da Defesa turco considerou hoje que o ultimato escrito dirigido na semana passada por Washington a Ancara sobre a compra pela Turquia de baterias de mísseis S-400 russos é "inadequado" e contrário ao "espírito da Aliança" atlântica.
© Reuters
Mundo Turquia
No decurso de um contacto telefónico com o chefe do Pentágono, Patrick Shanahan, o ministro turco, Hulusi Akar, "insistiu na formulação inadequada" do ultimato e considerou que "não está em conformidade com o espírito da Aliança", segundo um comunicado do Ministério da Defesa.
Shanahan dirigiu na sexta-feira uma carta ao seu homólogo turco fornecendo à Turquia um prazo até 31 de julho para renunciar à compra dos sistemas de defesa antiaérea russos S-400, que Washington considera incompatíveis com o novo avião furtivo norte-americano F-35 que Ancara também pretende adquirir.
De acordo com Washington, e caso a Turquia não renuncie até essa data aos S-400, os pilotos turcos que atualmente participam em treinos nos Estados Unidos sobre os F-35 serão expulsos.
O pessoal turco do consórcio internacional que fabrica os F-35 será também substituído e os subcontratos atribuídos a empresas turcas para o fabrico dos F-35 serão anulados.
Os gabinetes do consórcio serão proibidos ao pessoal da Força Aérea turca e os quatro aparelhos já adquiridos pela Turquia, mas que ainda permanecem em território norte-americano, não serão entregues, como referiu na semana passada aos media Ellen Lord, secretária adjunta da Defesa responsável pelas aquisições, tecnologia e logística.
Apesar das advertências dos Estados Unidos, os responsáveis turcos, com o Presidente Recep Tayyip Erdogan na primeira linha, recusam renunciar à compra dos mísseis russos, que devem ser entregues em julho.
Ibrahim Kalin, porta-voz de Erdogan, também se insurgiu contra o ultimato norte-americano, sublinhando que manteve hoje um contacto sobre este diferendo com John Bolton, conselheiro norte-americano para a segurança nacional.
"O facto de a carta [do ultimato] ter sido praticamente divulgada no mesmo momento em que nos foi entregue denota uma falta de seriedade", declarou Kalin, antes de acrescentar que a Turquia vai responder à missiva norte-americana "de uma forma apropriada".
No entanto, Kalin acrescentou que as negociações entre Ancara e Washington prosseguem e apelou aos Estados Unidos para "recuarem na sua atitude" para não "corromper de forma durável" as relações bilaterais.
Ao completar o coro dos protestos turcos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, afirmou hoje que "ninguém pode dirigir ultimatos à Turquia".
O chefe da diplomacia de Ancara reiterou ainda a proposta turca sobre a formação de um "grupo de trabalho comum" para solucionar o diferendo, assegurando que o Presidente dos EUA Donald Trump era favorável ao projeto, mas que foi rejeitado por "certas instituições" norte-americanas.
Na quarta-feira, o Presidente turco assegurou que não renunciará à compra dos S-400, por se tratar de um negócio já concluído.
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