Migrações: Mais de mil pessoas morreram a tentar fugir da Líbia em 2018
Pelo menos 1.151 pessoas, incluindo crianças, morreram a atravessar o Mediterrâneo e mais de 10.000 foram forçadas a regressar à Líbia em condições de sofrimento, desde que Itália decidiu há um ano fechar os portos a ações humanitárias.
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Mundo ONG
As agências Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Mediterrâneo denunciaram hoje o que consideram ser "políticas de migração europeias imprudentes", referindo-se às respostas humanitárias dos governos da União Europeia, em particular de Itália, que tem colocado obstáculos às ações de busca e salvamento no mar Mediterrâneo.
"As respostas dos governos europeus à crise humanitária no mar Mediterrâneo e na Líbia atingiu o seu limite mais baixo", afirmou Annemarie Loof, gestora operacional dos MSF.
A responsável recorda que a sua organização "há mais de um ano que implorou aos governos europeus para colocarem a vida das pessoas antes da política", concluindo que esse apelo foi ignorado.
Os MSF e a organização SOS Mediterrâneo denunciam ainda que os seus operacionais foram impedidos de entrar nos portos italianos, acusando o Governo de Roma de alimentar um "impasse político" à volta das políticas de migração que está a deixar milhares de pessoas desprotegidas.
"Os impasses políticos (...) e a incapacidade para colocar vidas em primeiro lugar é hoje apenas mais chocante, à medida que a guerra continua em Tripoli", denunciou Loof, referindo-se ao agravar dos conflitos na Líbia e à recusa do Governo italiano em procurar uma resposta eficaz.
De acordo com aquelas duas organizações não governamentais, pelo menos 1.151 pessoas já morreram, muitas delas crianças, devido ao impasse político e ao endurecimento de posições por parte de países como a Itália, que está a fechar os portos a operações de busca e salvamento no Mediterrâneo central.
As duas agências dizem que, só nas últimas seis semanas, mais de 3.800 embarcações tentaram atravessar o Mediterrâneo com milhares de pessoas que procuram fugir da Líbia, em condições de elevada fragilidade, muitas delas sendo obrigadas a regressar, em condições de enorme insegurança.
As duas organizações acusam as autoridades europeias de "apoiar esse retorno", sabendo que estão a alimentar "ciclos de exploração, tortura, violência sexual e detenção arbitrária" a que os migrantes ficam sujeitos na Líbia.
"A realidade é que, apesar de haver menos embarcações humanitárias no mar, as pessoas continuam a fazer essa mortal travessia marítima", conclui um documento hoje divulgado pelos Médicos Sem Fronteiras e pela SOS Mediterrâneo.
Estas organizações deixam, por isso, alguns apelos aos governos europeus: que acabem com as ações punitivas às organizações que fornecem assistência humanitária; que retirem apoio político e material ao sistema de regresso forçado de refugiados; que estabeleçam sistemas de desembarque confiáveis, oferecendo locais de segurança para acolher os migrantes sobreviventes das travessias marítimas.
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