Divulgação de mensagens de Moro "visa impedir reforma de pensões"
O ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, afirmou na segunda-feira que a divulgação de mensagens privadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores de justiça da operação Lava Jato visa impedir a reforma do sistema de pensões.
© Reuters
Mundo Paulo Guedes
Numa sessão plenária do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o ministro declarou que o momento de divulgação das mensagens não foi mera coincidência.
"Não vai haver reforma do sistema de pagamento de pensões. Pronto, acabou. A toda hora há uma [nova divulgação]. Uma é do Michel Temer, outra é do filho do Bolsonaro,(...) hoje é do Moro". (...) Não foi por falta de tentativas, a toda hora tem uma [polémica]. Hoje é a do Moro, (...) mas não é coincidência que estoura uma bombinha a toda hora, tentando paralisar a marcha dos eventos", avaliou o governante, citado pela imprensa local.
A OAB sugeriu esta segunda-feira o afastamento dos cargos públicos do atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e dos procuradores envolvidos naquele que consideram um caso que "ameaça os alicerces do Estado democrático de Direito".
Em causa está a divulgação, pelo portal de investigação jornalística The Intercept, de conversas privadas entre agentes públicos que participaram na Lava Jato, a maior operação contra a corrupção do Brasil, que indicam que houve colaboração ilegal e falta de imparcialidade na investigação.
"Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita", considera a Ordem dos Advogados.
O The Intercept iniciou no passado domingo uma série de reportagens sobre a operação Lava Jato publicando textos com mensagens e conversas privadas entre promotores e juízes brasileiros na aplicação Telegram, que foram denunciadas de forma anónima.
Os diálogos obtidos apontam para irregularidades na Lava Jato, principalmente as mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro.
Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que Moro sugeriu a Dallagnol que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jato, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações aos promotores encarregados do caso, ou seja, ajudou a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparcialidade aos juízes.
Moro, atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública, ganhou notoriedade como juiz da operação Lava Jato, por condenar empresários, funcionários públicos e políticos de renome como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo aquele portal de investigação, as mensagens indicam que os próprios promotores da Lava Jato tinham sérias dúvidas sobre a qualidade das provas contra o ex-Presidente neste processo.
O portal de investigação jornalística enfatizou que fará ainda outras reportagens e que todo o material divulgado vem de uma fonte anónima que os contactou e forneceu mensagens trocadas na rede social Telegram, vídeos, fotos e arquivos de áudio.
O The Intercept é um portal de jornalismo de investigação liderado por Glenn Greenwald, jornalista a quem o ex-analista norte-americano Edward Snowden revelou os programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês).
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