Movimento de contestação do Sudão anuncia corte com os militares
O movimento de contestação no Sudão anunciou hoje o corte de "quaisquer contactos políticos" com o Conselho Militar no poder, que acusou de ter dispersado pela força o acampamento de manifestantes em frente ao Quartel-General das Forças Armadas.
© Reuters
Mundo Tensão
"Anunciamos o fim de quaisquer contactos políticos e das negociações com o Conselho golpista", indicou em comunicado, citado pela agência France-Presse, a Aliança para a Liberdade e Mudança (ALM), líder do movimento de contestação, apelando à "greve e desobediência civil total e indefinida a partir de hoje".
De acordo com o Comité Central dos Médicos sudaneses, uma organização próxima da contestação, a operação militar de dispersão dos manifestantes fez "pelo menos 13 mortos" e "centenas de feridos". A organização começou por anunciar um primeiro balanço de cinco mortos e depois de nove.
O Conselho Militar desmentiu entretanto ter dispersado "através da força" a manifestação pacífica que há mais de sete semanas se concentrou em frente ao QG.
"Não dispersámos o 'sit-in' pela força", afirmou um porta-voz do Conselho, o general Shamseddin Kabbashi, à estação de televisão Sky News Arabia, baseada nos Emirados Árabes Unidos. "As tendas estão lá e os jovens podem circular livremente", acrescentou.
No seu comunicado, a ALM atribuiu "a responsabilidade total deste crime" aos militares, apelando à "queda do regime".
Em resposta à operação militar, os manifestantes, que há quase dois meses reclamam a passagem do poder para os civis, incendiaram pneus e ergueram pequenas barricadas com tijolos nas ruas de acesso ao local do "sit-in" e noutros eixos da capital.
De acordo com o Comité Central dos Médicos sudaneses, a fonte que está a dar conta do número de mortos até agora, as forças de segurança chegaram a disparar dentro do hospital Charq al Nil, em Cartum, e impediram o acesso a um segundo estabelecimento hospitalar na capital sudanesa, o Royal Care.
As relações entre os dois campos foram ficando cada vez mais tensas após o fracasso das negociações no passado dia 20 de maio, que foi seguido de várias ameaças por parte do Conselho Militar, que dirige o país desde o passado 11 de abril, data da destituição sob a pressão popular do Presidente Omar al-Bashir.
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