China: O massacre de Tiananmen ainda é tabu e quem fala pode desaparecer

A completar três décadas, o massacre de Tiananmen continua a ser um tema praticamente proibido na sociedade chinesa. No meio de uma guerra comercial com Washington, Pequim não esconde um certo nervosismo face à efeméride deste ano.

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Fábio Nunes
02/06/2019 11:02 ‧ 02/06/2019 por Fábio Nunes

Mundo

Massacre de Tiananmen

Na próxima terça-feira terão passado 30 anos de uma das datas mais tristes na história da China. O massacre de Tiananmen provocou oficialmente 241 mortos e nenhuma das vítimas morreu na praça onde decorreram os protestos pró-democracia iniciados por um movimento de estudantes. Mas os números da Cruz Vermelha são outros e apontam para cerca de dois mil mortos.

Certo é que no dia 4 de junho de 1989 os protestos chegaram ao fim depois de uma repressão violenta das forças militares chinesas que resultou num banho de sangue. Nas décadas que se seguiram, o massacre de Tiananmen perdurou na memória do povo chinês mas nem por isso é muito falado. Tornou-se tema tabu.

E este ano, que marca os 30 anos do massacre, é notória uma maior ansiedade e uma reação mais nervosa por parte das autoridades chinesas. O motivo está relacionado com a guerra comercial com os Estados Unidos.

“Eles estão certamente nervosos. Sob a presidência de Xi Jinping, nenhuma pedra vai ficar por virar”, afirmou à Associated Press Jean-Pierre Cabestan, professor de ciência política na Universidade Batista de Hong Kong.

Li Zhi, um popular músico de rock chinês, foi um dos que ousou falar sobre o massacre de Tiananmen. “Agora esta praça é a minha sepultura. É tudo apenas um sonho”, cantou. Depois desapareceu e entretanto já se passaram três meses.

A sua digressão foi cancelada e as suas contas nas redes sociais foram encerradas. Posteriormente, a sua música foi retirada dos principais sites de streaming na China, como se a carreira de Li tivesse sido uma miragem.

“Há praticamente um consenso” entre aqueles que trabalham na indústria musical de que o desaparecimento de Li Zhi da vida pública está ligada ao sensível 30º aniversário do massacre de Tiananmen, disse um dos profissionais da área da música na China, que pediu à AP para manter o anonimato por temer a reação do governo de Pequim.

“Ele compôs algumas músicas que eram consideradas politicamente arriscadas, fazendo referências ao 4 de junho de 1989, e como tal foi afastado”, acrescentou.

Mas Li Zhi não foi o único a desaparecer. De acordo com o grupo Chinese Human Rights Defenders, 13 pessoas foram recentemente detidas ou desapareceram. Entre essas 13 pessoas contam-se vários artistas que tinham começado uma “digressão de consciencialização nacional”.

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