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Verónica suicidou-se e a culpa poderá ser dos 2.500 colegas de trabalho

Caso de assédio numa empresa de Madrid terminou de forma trágica para uma mãe de dois filhos.

Verónica suicidou-se e a culpa poderá ser dos 2.500 colegas de trabalho
Notícias ao Minuto

16:47 - 29/05/19 por Notícias Ao Minuto

Mundo Espanha

Verónica, mãe de duas crianças, uma com quatro anos e outra com apenas nove meses, tirou a própria vida no passado sábado, aos 32 anos de idade. Tudo por causa de um vídeo sexual que gravou, sozinha, cinco anos antes e que um ex-namorado decidiu partilhar nas redes sociais.

A morte de Verónica, primeiramente tratada como um caso de suicídio, está agora transformada num caso muito complexo, que pode ter 2.500 culpados, ou seja, todos os que trabalhavam naquela empresa de Madrid.

A história teve início há cinco anos, conforme explica o El Mundo. Verónica, natural de Alcalá de Henares, na comunidade autónoma de Madrid, tinha mantido uma relação com um colega de trabalho, na CNH Industrial, uma empresa de camiões da Iveco. Este acabou a relação e ela, depois, recusou-se a reatar.

Num ato de vingança, o homem terá colocado nas redes sociais um vídeo que Verónica gravou e que lhe terá enviado, no contexto de relação. As imagens mostravam Verónica a praticar um ato de natureza sexual, sozinha.

Foi na semana passada, porém, que o vídeo ressurgiu para atormentar a mulher, que entretanto casou e teve dois filhos. As imagens começaram a ser partilhadas em grupos de WhatsApp de trabalhadores da empresa.

Verónica, “alegre e muito positiva”, conforme descrevem as suas colegas, começou a apresentar um semblante “triste”. Soube que o vídeo andava a circular e começou a aperceber-se dos risos e dos olhares. Desesperada, e com medo que o marido descobrisse, recorreu aos Recursos Humanos, que lhe terão sugerido chamar a polícia.

A empresa explicou, posteriormente, que acionou o protocolo de que dispõe para estes casos: sugeriu que a funcionária mudasse de função (estava numa linha de montagem) ou que metesse baixa. Verónica recusou. Depois da morte da funcionária, a confederação sindical espanhola CC.OO anunciou que vai denunciar a empresa à Inspeção do Trabalho por não ter tomados as medidas necessárias, como acionar o protocolo de assédio sexual.

O pior aconteceu na última sexta-feira, quando o marido tomou conhecimento do sucedido, através da irmã, que trabalha na mesma fábrica. Verónica teve um ataque de ansiedade e uma colega de trabalho levou-a para casa. “Estava de rastos, imagino que com medo do que a esperava em casa”, explicou uma colega ao El Mundo. No dia seguinte, sábado, enforcou-se.

“A gota de água foi o vídeo ter chegado ao marido. Embora tenha sido gravado antes de se terem casado, na sexta-feira passada disse-me que ficou arrasada quando percebeu que ele o tinha visto”, afirmou uma amiga.

“Foram colegas de trabalho que pensavam que era só uma brincadeira e que não estavam a fazer mal. Gente que ela conhecia há muito tempo mas é gente má, tóxica”

A Polícia Nacional estava a investigar o caso como suicídio até terem conhecimento da divulgação do vídeo entre os colegas de trabalho da vítima. Confirmando-se que a divulgação de um vídeo pelo ex-namorado, está em causa o delito de revelação de segredo, previsto na lei espanhola, que pode resultar numa pena de três meses a um ano de prisão.

Esta responsabilidade pode, no entanto, ser imputada a cada um dos trabalhadores da empresa que divulgou o vídeo. As autoridades estão a tentar apurar o nível de implicação de cada um. Quem recebeu e partilhou, poderá ser responsável pela morte da trabalhadora.

Esta terça-feira, os trabalhadores manifestaram-se em frente às instalações da empresa, numa tentativa de chamar a atenção para o caso. “Cada um tem de analisar a sua consciência e pensar no que fez”, diz outra colega.

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Serviços telefónicos de apoio emocional e prevenção ao suicídio em Portugal

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 800 209 899 (Número gratuito)

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

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