Relator da ONU considera sanções a Síria prejudiciais e contraproducentes
O relator da ONU sobre "medidas coercivas unilaterais" e as suas consequências negativas para os direitos humanos, Idriss Jazairy, considerou hoje as sanções contra o regime sírio de Bashar al-Assad como danosas e contraproducentes.
© Reuters
Mundo Sanções
"Parece uma ironia que essas sanções, que se impuseram em nome dos direitos humanos, tenham como consequência um agravamento da situação humanitária" na Síria, disse Jazairy em conferência de imprensa em Berlim.
Jazairy considera que a imposição de sanções nunca funcionou quando se destinam ao derrube de um regime que viola os direitos humanos, e apenas atuam de forma excecional e parcial, como sucedeu no caso do programa nuclear do Irão.
"No único caso em que a imposição de sanções conduziu a algo foi no Irão, e de imediato surgiu o Governo de Donald Trump e terminou com tudo o que se tinha alcançado ao impor novas sanções", disse.
"O efeito é contrário, nos casos em que o objetivo consiste em terminar com um determinado regime. As pessoas sofrem com as sanções e aproximam-se do regime. O regime castrista mantêm-se há mais de 50 anos no poder apesar das sanções norte-americana", disse numa referência a Cuba.
No caso da Síria, Jazairy revelou dados sobre a deterioração da situação económica desde a aplicação das primeiras sanções que agravaram as repercussões do conflito.
Assim, o PIB sírio caiu dois terços; enquanto em 2010 o câmbio era de 45 liras sírias por dólar, em 2017 o dólar custava 510 liras e a inflação disparou, alcançando em 2013 um nível recorde de 82,4%. Sublinhou ainda que desde o início do conflito, o custo dos alimentos multiplicou-se por oito.
"A deterioração económica tive repercussões no acesso dos sírios ais seus direitos económicos, sociais e culturais", assinalou Jazairy.
A segurança alimentar afeta atualmente 32% dos sírios, e o índice de desemprego aumentou de 8,5% em 2010 para 48% em 2015, referiu como exemplo.
O relator da ONU disse ainda que as transações bancárias, apesar das exceções que existem, afetaram não apenas o funcionamento das pequenas empresas, mas ainda das ONG.
Desta forma, muitas pessoas e organizações recorreram a sistemas alternativos de elevado custo e que muitas vezes terminam com a utilização dos seus bens para financiar grupos terroristas, exemplificou.
O sistema sanitário também foi afetado pelas sanções devido à dificuldade em enviar para o país o material médico necessário.
Uma situação que também teve reflexos na emigração em direção a países vizinhos e à Europa, originada não apenas pelo conflito, mas também pelas repercussões económicas das sanções.
"Aqui existe gente que protesta e pergunta porque chegam à Europa tantos sírios. Parte da resposta é que vós próprios impediram a possibilidade de se ganhar a vida na Síria", disse o diplomata.
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