Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
18º
MIN 13º MÁX 19º

ONU e Rússia exigem libertação imediata de funcionários detidos no Kosovo

A missão das Nações Unidas no Kosovo (Unmik) lamentou hoje a detenção de dois funcionários da organização no decurso de uma operação armada da polícia albanesa kosovar nas regiões de maioria de população sérvia, no norte do território.

ONU e Rússia exigem libertação imediata de funcionários detidos no Kosovo
Notícias ao Minuto

14:52 - 28/05/19 por Lusa

Mundo Kosovo

A missão referiu em comunicado que os dois membros da Unmik ficaram feridos na operação, que suscitou uma forte reação dos sérvios locais e da Sérvia e voltou a agravar a tensão nesta região dos Balcãs.

O ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse que um dos funcionários é de origem russa, e condenou o Kosovo por esta ação, descrita por Pristina como uma ação contra o "crime organizado".

"A detenção foi efetuada apesar de o cidadão russo possuir imunidade diplomática como funcionário da ONU. Entendemos este lamentável ato como mais um exemplo da atitude provocatório dos dirigentes albaneses kosovares", declarou em comunicado Maria Zakharova, porta-voz do MNE russo. 

Segundo a nota, o russo Mikhal Krasnoschokov foi detido pelas forças de segurança kosovares esta manhã na cidade de Zubin Potok.

Zakharova acrescentou que o ministério russo exigiu à missão das Nações Unidos que seja informado sobre a "detenção ilegal" de Krasnoschokov e "exerça os maiores esforços para garantir a sua libertação imediata". A nacionalidade do segundo funcionário detido ainda não foi revelada.

Numa reação imediata, o embaixador da Unmik, Zahir Tanin, exigiu a libertação imediata dos dois homens e acrescentou que "qualquer mal infligido ao pessoal da ONU implicará o mais elevado grau de respostas legais a nível diplomático e internacional".

A Unmik foi deslocada para esta antiga província do sul da Sérvia após 1999, na sequência da intervenção da NATO para terminar com o conflito entre as forças militares sérvias e os separatistas armados albaneses, e a repressão à população loca, maioritariamente de origem albanesa. A missão foi reduzida após a declaração unilateral da independência do Kosovo em 2008, que a Sérvia não reconhece.

O comunicado do MNE russo também denuncia a operação como uma "provocação" das autoridades de Pristina, cujo objetivo consiste na "intimidação" da população não-albanesa e "o controlo desses territórios através do uso da força".

Estas ações foram ainda consideradas por Moscovo uma consequência direta da "conivência" do Governo de Pristina com a União Europeia (UE) e Estados Unidos, a quem apelou para convencer as autoridades de Pristina a terminarem com a "escalada de um conflito com consequências imprevisíveis".

No início de 2019, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou durante uma visita a Belgrado que a anunciada criação de um Exército pelas autoridades do Kosovo violava a resolução 1244 da ONU e provocaria a desestabilização da região dos Balcãs. Lamentou ainda que os esforços de mediação da UE sobre a criação de municípios sérvios no Kosovo não tenham obtido até ao momento qualquer progresso.

Na sequência da ação policial desta manhã, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, avisou que o seu país vai atuar para "proteger o nosso povo" no Kosovo, confirmou que tropas sérvias estão em estado de alerta e disse que foram detidas 23 pessoas na sequência da operação da polícia albanesa kosovar, que utilizou viaturas blindadas.

Em declarações no parlamento da Sérvia, acusou ainda a polícia albanesa kosovar de uso da força contra "sérvios desarmados" e de terem disparado para o ar durante a investida.

Em Pristina, o presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, optou por definir os avisos sérvios de "populistas" e disse que a operação desta manhã na região de Mitrovica (norte), foi legal e "não dirigida contra qualquer comunidade".

Thaçi assegurou que entre os detidos se encontram "albaneses, sérvios, bosníacos e ainda um russo que sob uma cobertura diplomática tentou impedir a operação policial". Pediu ainda o apoio de Belgrado "porque o crime organizado não é local mas regional".

A NATO, que chefia uma missão militar internacional no Kosovo (Kfor) , apelou por sua vez à calma e adiantou que está a acompanhar a ação policial no norte do país.

O coronel Vincenzo Grasso, porta-voz da Kfor, disse que a situação no norte do Kosovo está a ser monitorizada em conjunto com as autoridades locais sublinhando que as tropas da NATO não se encontram em estado de alerta.

"Temos conhecimento da operação policial em curso. Estamos a monitorizar a situação e pedimos calma no sentido de evitar uma escalada e o uso da violência", disse.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório