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Inundações no Paraguai forçam 70 mil a sair de casa

As margens do rio Paraguai estão submersas devido a uma inundação, lenta e preocupante, que forçou os habitantes de Nanawa, nos arredores da capital, Asuncion, a saírem de casa, devido às águas estarem sete metros acima do normal.

Inundações no Paraguai forçam 70 mil a sair de casa
Notícias ao Minuto

08:08 - 28/05/19 por Lusa

Mundo Paraguai

Sentada em uma piroga, onde estava a sua cama, um armário, uma mesa e o seu cão Pirulin, Graciela Acosta foi retirada.

À semelhança de Graciela Acosta, 70 mil paraguaios tiveram de ser retirados de casa nos últimos dias.

Em Nanawa, pequena cidade com seis mil habitantes, apenas meio milhar de habitantes pôde permanecer em casa, os que tinham casas com vários andares.

Graciela Acosta, dona de casa, com 39 anos, preparava-se para atravessar a fronteira, na companhia da filha, para se refugiar num centro de acolhimento em Clorinda, a cidade vizinha, já na Argentina.

"Estou farta. É a terceira vez que tenho de sair de casa por causa das inundações", disse, desolada. "Rezo para que isto termine. De cada vez é muito dinheiro", lamentou, mas acrescentando: "Quando a água baixar, regresso".

Em cada ano, o rio Paraguai, um dos mais importantes da América, transborda e afeta os bairros pobres construídos em zonas inundáveis.

Nas ruas de Nanawa, a água lamacenta quase que atinge as placas com os nomes das ruas. Conforme os locais, a água tem um ou dois metros de altura.

O subdiretor do serviço público de meteorologia e hidrologia, Nelson Perez, especificou que a inundação não é tão importante como a ocorrida em 1983, que ainda está na memória dos paraguaios.

"Esta não é inundação mais grave do rio Paraguai, mas o impacto é o mais grave, porque há mais pessoas a viverem perto do rio", destacou este perito.

"Estas são as piores inundações que vi", afirmou Ruben Acosta, de 55 anos, que disponibiliza serviços de condutor de piroga.

Em janeiro e fevereiro, o nível do rio Paraguai é de tal maneira baixo que a navegação é muito difícil. "Houve muito mais em março, três vezes mais do que o habitual, e ainda mais em abril e maio", explicou Nelson Perez, que indicou também a desflorestação como fator agravante.

Com água até ao peito, Rigoberto Nunez saiu do cemitério de Nanawa, carregado com candelabros, vasos, crucifixos e retratos de defuntos, retirados do jazigo familiar. "Prefiro transportá-los por precaução", declarou este vendedor ambulante, de 47 anos.

A cidade está sem eletricidade, sem polícia, com os habitantes a procurarem guardar tudo, com medo de roubos.

No outro lado do rio Paraguai, Asuncion não foi poupada e várias zonas tiveram de ser evacuadas.

No bairro residencial de Sajonia, os comerciantes e habitantes têm estado a colocar sacos de areia nos passeios, com intuitos preventivos, para conter as inundações.

Nelson Perez espera que o rio Paraguai ainda suba mais nos próximos dias, antes de começar a descer na primeira quinzena de junho.

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