Partido do Brexit é o que tem mais assentos no novo Parlamento Europeu
A vitória nas eleições foi das forças pró-União Europeia, mas a nível individual é o britânico Partido do Brexit que mais pode festejar, com Nigel Farage a levar a melhor no duelo eurocético com a italiana Liga de Matteo Salvini.
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Mundo Europeias
Com os resultados finais do sufrágio europeu realizado domingo, que ditou o fim da hegemonia (maioria absoluta) de Partido Popular Europeu e Socialistas na assembleia, ainda por apurar, o Parlamento Europeu (PE) atribui 29 lugares (e 31,71%) dos 73 eurodeputados eleitos no Reino Unido ao Partido do Brexit.
Formado há menos de dois meses, quando se tornou evidente que o Reino Unido teria de participar nas eleições para o PE porque não iria sair da União Europeia (UE) a tempo, o partido liderado pelo eurocético e polémico Nigel Farage, antigo líder do UKIP, tem como única proposta concretizar o 'Brexit' mesmo sem acordo.
A mensagem do claro vencedor das eleições europeias no Reino Unido foi tão bem acolhida que Farage conseguiu a 'proeza' de empatar em número de eurodeputados com a maior força partidária da Alemanha, a União Democrata-Cristã (CDU), de Annegret Kramp-Karrenbauer, e o seu aliado bávaro União Social-Cristã (CSU), e de ultrapassar aquele que, nas projeções reveladas nos últimos meses pelo PE, era o principal partido eurocético.
Com 34,33% dos votos, os italianos Liga, liderada por Matteo Salvini, elegem 28 eurodeputados, consolidando o papel do ministro do Interior de Itália como o líder 'de facto' do movimento eurocético na UE.
Entre os partidos que estarão mais representados no próximo hemiciclo figuram outras duas forças populistas e nacionalistas: o polaco Lei e Justiça (PiS), de Jaroslaw Kaczynski, com 23, e a União Nacional (RN, ex-Frente Nacional) de Marine Le Pen, com 22.
Os partidos eurocéticos aumentaram a sua representação no hemiciclo nas eleições de domingo, mas sem obter o número de assentos suficiente para bloquearem sozinhos votações decisivas, como "ameaçavam" sondagens anteriores ao escrutínio.
Divididos por três grupos políticos Conservadores e Reformistas (ECR), Europa das Nações e das Liberdades (ENF) e Europa da Liberdade e da Democracia Direita (EFDD), somam no total, 171 eurodeputados, mais 16 que na atual assembleia, segundo os últimos dados do PE.
Mesmo que se unissem num único grupo político, o que é muito improvável, não seriam a maior família política no PE, lugar que, apesar das perdas, continua a ser do Partido Popular Europeu (PPE), que elegeu 180 deputados.
Representam cerca de 22,5% do hemiciclo, uma percentagem bem mais baixa que os 33% que ambicionavam, o número necessário para bloquear a atividade legislativa do PE.
Atualmente com 70 deputados, o ECR perderá nestas eleições 11, em parte devido ao descalabro eleitoral do Partido Conservador britânico, castigado nas urnas pelo fracasso em concluir o 'Brexit'.
No parlamento cessante, o ECR integra ainda o PiS, que afirmou por várias vezes que recusa qualquer aliança com o partido de Marine Le Pen, o qual integra o Europa das Nações e das Liberdades.
No ENF, onde além de Le Pen estão a italiana Liga, de Matteo Salvini, o austríaco Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) e o holandês Partido para a Liberdade (PVV), de Geert Wilders, aumentará os atuais 37 assentos para 58, ajudado pelos bons resultados em Itália e França, que compensaram as perdas na Áustria e Holanda.
O EFDD, criado por iniciativa do britânico UKIP então liderado por Farage e que integra também o novo partido do político britânico, assim como a extrema-direita alemã da Alternativa para a Alemanha (AfD), o italiano Movimento 5 Estrelas e os Democratas da Suécia, cresce dos atuais 48 deputados para 54.
As negociações para formar os grupos políticos no próximo PE começam hoje e devem prolongar-se até 24 de junho.
De fora destes grupos estão por exemplo o espanhol Vox, que não revelou até ao momento a que grupo pretende juntar-se.
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