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Estratégia de Macron vai centrar-se no Parlamento Europeu

Um analista ouvido pela Lusa em França antecipou hoje que o Presidente francês vai usar o Parlamento Europeu para desenvolver o seu projeto para a Europa, aproveitando não ter sido um dos derrotados do escrutínio deste domingo.

Estratégia de Macron vai centrar-se no Parlamento Europeu
Notícias ao Minuto

13:00 - 27/05/19 por Lusa

Mundo Europeias

"Macron vai ser muito ativo na Europa", disse Olivier Costa, diretor de investigação na Sciences Po Bordeaux e diretor de Estudos Políticos e Administrativos no Colégio da Europa, em declarações à agência Lusa.

Recordando que Macron "ficou desiludido por não conseguir mobilizar outros governos para o seu projeto nem ver nascer forças noutros países como o seu movimento", o investigador acredita que a "estratégia para realizar a coligação de progressistas passa agora pelo Parlamento Europeu".

"Esta coligação vai fazer pressão junto do Conselho para uma revisão dos tratados e outras movimentações políticas", disse Olivier Costa.

Tal como deixou claro no encontro da semana passada com primeiro-ministro António Costa, o Presidente francês está à procura de um entendimento alargado entre socialistas e liberais, assim como outras forças progressistas para levar a cabo seu projeto na Europa.

Apesar da derrota doméstica, com o seu partido a ficar atrás da força de Marine Le Pen por menos de 1%, os 21 deputados eleitos pelo Renaissance En Marche vão integrar a bancada dos liberais, reforçando este grupo a nível europeu.

Esta é uma ocasião para repensar a organização das forças políticas, já que, apesar da vantagem, o próprio Partido Popular Europeu não tem maioria.

"Como nem os socialistas nem o PPE têm uma verdadeira maioria, vão ter de procurar outros entendimentos. Interessante será ver como é que os verdes se encaixam nisto, já que chegou a pensar-se numa coligação entre socialistas, liberais e verdes", disse Costa, admitindo não acreditar nessa possibilidade e apostando antes numa geometria similar à de 2014, mas com mais intervenção do chefe de Estado francês.

"Acho que isto pode funcionar, porque o Parlamento Europeu é esquecido pelos governantes nacionais e há muito a fazer para mobilizar os eurodeputados, que estão sempre frustrados por não serem ouvidos. Se houver um chefe de Estado que os oiça, vai conseguir o seu apoio", disse o investigador.

Há ainda outra luta para Emmanuel Mácron, com a redistribuição dos lugares de topo na União Europeia.

"Macron vai mesmo tentar ter um dos principais lugares. Esse é o seu intuito desde o início, ter um presidente da Comissão ou do Conselho Macron-compatível, que defenda as suas ideias, como uma Europa a duas velocidades, um novo tratado ou um verdadeiro orçamento europeu", indicou Olivier Costa.

"Michel Barnier é um homem com muitas qualidades e demonstrou-as ao gerir as negociações com os britânicos. Ele faz parte dos dirigentes europeus que têm qualidade eminentes e podem fazer parte dessa lista [de potenciais candidatos]", disse o Presidente em entrevista ao jornal belga "Le Soir" na semana passada.

"Se surgir um candidato consensual, será aceite, portanto Macron vai trabalhar para que isso aconteça. E porque não? Há muito tempo que a França não tem responsáveis políticos em altos postos europeus e o Presidente pode dizer: 'É a nossa vez'", concluiu Olivier Costa.

As eleições europeias levam não só à mudança nos eurodeputados com assento no Parlamento Europeu, mas também no executivo europeu.

Será necessário escolher um novo presidente da Comissão Europeia, um novo presidente do Conselho Europeu e um novo presidente do Banco Central Europeu, cabendo a cada país indicar a sua escolha para comissário das diferentes pastas, sendo os principais lugares decididos através de negociações políticas entre os 28.

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