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Analistas destacam forte afluência em eleições sem grandes surpresas

A forte afluência às urnas é um dos grandes destaques nas eleições europeias, que ditaram, sem surpresa, um Parlamento Europeu mais fragmentado, mas com uma maioria pró-europeia sólida, concordam analistas hoje ouvidos pela Lusa em Bruxelas.

Analistas destacam forte afluência em eleições sem grandes surpresas
Notícias ao Minuto

11:57 - 27/05/19 por Lusa

Mundo Europeias

De acordo com os dados mais recentes (ainda provisórios) hoje divulgados pelo Parlamento, a taxa de participação no conjunto da União Europeia fixou-se nos 50,82%, a maior em pelo menos 20 anos (tendo Portugal registado a sexta mais baixa, de apenas 31,01%).

Para Shada Islam, analista política do 'think tank' (grupo de reflexão) Friends of Europe, numas eleições sem surpresas de maior, "o dado muito significativo que deve deixar todos muito satisfeitos é efetivamente a participação, acima dos 50%".

"Mostra que o debate sobre a Europa chegou às pessoas, que durante muito tempo eram indiferentes às questões europeias e seguiam apenas a política nacional. Acredito que se trata de um ponto de viragem: a Europa faz agora parte das nossas vidas, das nossas discussões, entre amigos, familiares", comentou.

Para a diretora de geopolítica do 'think tank' baseado em Bruxelas, "esta forte participação também legitima o modelo do 'Spitzenkandidat' (candidatos principais dos grupos políticos ao cargo de presidente da Comissão Europeia), pois agora é mais difícil para os chefes de Estado e de Governo apresentarem um outro nome", que não um entre os "cabeças de cartaz" apresentados pelas diferentes famílias para estas eleições.

"Não significa que seja automaticamente o candidato do partido mais votado (Manfred Weber, do Partido Popular Europeu). As hipóteses de um candidato principal de outra força política são reais, em função das futuras alianças, mas penso que terá de ser entre um dos 'Spitzenkandidaten', pois os líderes não podem agora dizer aos cidadãos: 'ótimo, vocês votaram, mas agora nós escolhemos outro nome'", defendeu.

A analista do 'think tank' Centre for European Reform Agata Gostynska-Jakubowska concorda que "um dos destaques destas eleições é a taxa de participação".

"A UE conseguiu inverter uma tendência preocupante, registou um aumento do interesse público e isso são boas notícias", até porque "uma elevada abstenção era um dos argumentos recorrentemente utilizados pelos eurocéticos para criticar a alegada falta de legitimidade democrática da UE".

No entanto, esta investigadora política não estabelece uma relação tão direta entre a forte participação e uma maior legitimação do modelo de 'Spitzenkandidat', afirmando-se convicta de não foi a participação na escolha do sucessor de Jean-Claude Juncker que levou as pessoas às urnas, embora seja natural que os candidatos principais se agarrem agora a esse argumento".

Relativamente aos resultados em si, ambas as analistas destacam o "muito bom resultado dos Verdes", que se tornam a quarta maior força política da assembleia europeia, com uma estimativa de 69 assentos (contra 50 da legislatura 2014-2019), que podem passar a desempenhar um papel importante no novo equilíbrio de forças na assembleia, face ao fim da maioria absoluta conjunta dos dois grandes partidos, Partido Popular Europeu e Socialistas.

Shada Islam e Agata Gostynska-Jakubowska apontam também como destaques dos resultados a subida dos Liberais, o grupo do 'mainstream' que mais subiu (cerca de 40 assentos) e que se cimenta no terceiro lugar - em coligação com o francês Renaissance de Emmanuel Macron e o romeno USR PLUS -, e o facto de os partidos populistas e de extrema-direita aumentarem a sua representação, mas ficando aquém da subida que ambicionavam.

"Mas há uma lição a retirar: as pessoas gostam de ser escutadas e estes políticos (populistas), quer se goste, quer não, perceberam como chegar às pessoas. Um pouco por toda a Europa, a extrema-direita está a conseguir conectar com as pessoas, e os partidos de centro-direita têm de repensar a sua estratégia de se 'encostar' ao seu discurso, porque as pessoas então preferem votar na genuína extrema-direita", observou Shada Islam.

"Não é o caso de Portugal, têm sorte", acrescentou.

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