China retém ex-procuradora que processou presidente chinês no TPI
As autoridades chinesas retiveram a ex-procuradora Conchita Carpio Morales [na imagem], que em março iniciou uma ação legal contra o Presidente chinês, Xi Jinping, perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e danos ambientais.
© Reuters
Mundo Xi Jinping
A ex-defensora pública filipina, de 78 anos, foi retida pelo departamento de imigração do aeroporto de Hong Kong como uma "ameaça à segurança nacional", disse a sua advogada, Anne Marie Corominas, num comunicado à imprensa.
Conchita Carpio Morales, uma figura respeitada nas Filipinas e que se reformou no verão passado, viajou para Hong Kong a partir de Manila, acompanhada do seu marido, filho, nora e dois netos, embora apenas a ex-Defensora tenha sido transferida para os escritórios de imigração do aeroporto na chegada.
"Como pode uma ex-defensora pública, que se dedicou ao combate à corrupção, ser uma ameaça à segurança da China?", questionou a advogada.
"O Presidente Xi tem medo dela? A única coisa que fez foi exercer o seu direito como cidadã filipina de comparecer perante o TPI", acrescentou a advogada, a quem Conchita Morales conseguiu enviar uma mensagem de texto para relatar a sua situação.
A ex-Defensora, o ex-secretário dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Albert del Rosario, e um grupo de pescadores afetados pelas atividades da China nas águas das Filipinas apresentaram uma queixa em março contra Xi Jinping.
Os queixosos acusaram Xi e outras autoridades chinesas de cometerem "crimes envolvendo danos ambientais maciços, quase permanentes e devastadores em várias nações", uma vez que a China ocupou várias ilhotas e recifes, cuja posse é contestada por vários países da região.
Alegam ainda que os danos ambientais começaram quando o Governo de Xi Jinping empreendeu "um plano sistemático para tomar o Mar do Sul da China", de vital importância geoestratégica, onde circula 30% do comércio global e abriga 12% da pesca mundial, além de possíveis depósitos de gás e petróleo.
Os signatários da ação argumentam que o TPI tem jurisdição sobre o caso porque os "crimes" da China ocorreram quando as Filipinas ainda era membro do Tribunal.
O país deixou de ser membro do TPI a 17 de março, por ordem do atual Presidente do país, Rodrigo Duterte, acusado naquele tribunal de crimes contra a humanidade devido à sua guerra contra as drogas nas Filipinas.
O Tribunal Arbitral de Haia atribuiu em 2016 a posse de vários territórios do Mar do Sul da China às Filipinas, como o atol de Scarborough ou parte do arquipélago de Spratly, uma decisão que a China não reconhece.
Filipinas, China, Taiwan, Malásia, Vietname e Brunei reivindicam a totalidade ou parte desse arquipélago, onde a China construiu ilhas artificiais desde 2012 nos recifes e atóis para se apropriar delas de facto.
Apesar da decisão, a China continua as suas atividades militares sem que o Governo de Duterte tenha reivindicado nada, já que o Presidente reorientou sua política externa para o "gigante asiático" em troca de uma generosa injeção de investimento.
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