"Os deputados vão precisar de olhar e ver se querem continuar num caminho que, inexoravelmente, nos vai levar à potencial revogação do artigo 50.º ou a uma saída sem acordo, e perguntar se esse é o melhor caminho, democraticamente ou economicamente", disse Liam Fox, numa intervenção no Institute of Government, em Londres.
Conhecido eurocético, Fox referia-se à proposta de lei para fazer o Reino Unido sair da UE, que o governo pretende apresentar ao parlamento britânico na semana que começa a 03 de junho com o objetivo de concretizar o 'Brexit' antes do início da interrupção parlamentar do verão, normalmente em meados de julho.
A proposta de lei, que implementa os termos da saída e que terá de ser também debatida e aprovada na Câmara dos Lordes, processo que demora várias semanas, não elimina a necessidade de a Câmara dos Comuns aprovar separadamente o acordo de saída da UE, o qual já foi chumbado três vezes pelos deputados, para conseguir uma saída ordenada.
O governo está desde o início de abril em negociações com o principal partido da oposição para tentar chegar a um entendimento que garanta uma maioria parlamentar, mas sem resultados.
Na terça-feira, após um encontro com Theresa May, o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, questionou a capacidade da primeira-ministra de fazer concessões tendo em conta a relutância pública de membros do governo, e exigiu salvaguardas legais para proteger quaisquer cedências de alterações por futuros sucessores de May.
O Partido Trabalhista quer que o Governo aceite negociar uma futura união aduaneira com a UE, mas tal limitaria a capacidade de o Reino Unido ter uma política comercial independente e negociar acordos comerciais com países terceiros.
Nos últimos dias, membros do partido Conservador, incluindo os ex-ministros Gavin Williamson, David Davis, Dominic Raab e Boris Johnson, pediram à primeira-ministra para pôr fim às negociações e para não aceitar a imposição de uma união aduaneira com a UE.
No lado oposto, dirigentes do 'Labour' como o número dois, Tom Watson, e o porta-voz para as questões do 'Brexit', colocaram pressão sobre Corbyn, defendendo que qualquer acordo com o Governo deve ser sujeito a um "voto confirmatório", ou referendo, algo a que o líder trabalhista tem resistido.
O Conselho Europeu determinou, em abril, que o adiamento do 'Brexit' concedido "nunca deverá ir além de 31 de outubro", devendo avaliar o progresso do processo na reunião de 20 e 21 de junho.