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"Há garantias de que armas vendidas à Arabia Saudita não vão para Iémen"

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou hoje ter obtido "a garantia" de que as armas vendidas pela França à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos não serão desviadas para o Iémen nem usadas contra civis.

"Há garantias de que armas vendidas à Arabia Saudita não vão para Iémen"
Notícias ao Minuto

13:40 - 09/05/19 por Lusa

Mundo Macron

"A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos são aliados da França. E são aliados na luta contra o terrorismo", afirmou o Presidente francês à chegada a uma cimeira europeia em Sibiu, na Roménia.

"Existe uma comissão que gere essas exportações, que responde ao primeiro-ministro" e a quem "pedimos a garantia de que essas armas não podem ser usadas contra civis. Essa garantia foi obtida", acrescentou Emmanuel Macron.

A venda de armas francesas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos está a ser fortemente criticada, já que são suscetíveis de ser usadas na guerra do Iémen.

Em 2015, Riade tornou-se, de facto, líder de uma coligação militar com os Emirados Árabes Unidos para apoiar o Presidente do Iémen, Abd Rabbo Mansour, contra os rebeldes Houthis, a minoria xiita apoiada pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita.

O conflito provou a morte de milhares de pessoas, incluindo civis, segundo várias organizações humanitárias que denunciam regularmente a venda de armamento francês.

Cerca de 3,3 milhões de pessoas estão deslocados por causa do conflito e 24,1 milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da população, precisam de algum tipo de assistência, de acordo com a ONU.

A França reconheceu na quarta-feira que um navio saudita ia efetuar um carregamento de armas no porto de Haver.

"É verdade que a França vende há alguns anos -- no máximo cinco ou seis anos -- armas aos Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita", admitiu o Presidente francês, sublinhando ser um defensor da transparência.

"A maior parte dessas armas são sobretudo usadas no interior do território ou nas fronteiras", referiu, sublinhando que "a guerra contra o terrorismo é uma prioridade" para a França.

Emmanuel Macron prometeu ainda que se irá envolver mais "na resolução do conflito do Iémen", no âmbito das Nações Unidos, considerando que se trata de "uma das mais graves crises humanitárias que enfrentamos" atualmente.

Na quarta-feira, o líder do Partido Socialista (na oposição), Olivier Faure, propôs "uma moratória sobre a venda de armas, como fez a Alemanha" para que "a França não seja cúmplice de crimes de guerra".

Na terça-feira, no decurso de uma turbulenta sessão no parlamento, o deputado comunista Jean-Paul Lecoq tinha já interpelado o Governo sobre esta questão: "Mais de 60.000 pessoas foram mortas e mais de 16 milhões de iemenitas estão ameaçados de fome (...). Mas a França, em nome da sua diplomacia de porta-moedas, continua a vender armas à Arábia Saudita com toda a opacidade".

Todos os deputados das formações de esquerda abandonaram o parlamento em sinal de protesto.

Hoje, a organização francesa Ação Cristã para a Abolição da Tortura apresentou no Tribunal Administrativo de Paris uma queixa no sentido de impedir que o navio saudita transporte as armas.

A Arábia Saudita tornou-se o maior importador de armas do mundo, com um aumento de 192 por cento, em comparação com 2009--2013, segundo o mais recente relatório sobre o comércio mundial de armas do Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (Sipri), publicado em meados de março e referente ao período 2014-2018.

As importações de armas por países do Oriente Médio aumentaram 87 por cento, comparando o período 2009-2014 com o período 2014-2018, sendo esses países responsáveis por 35 por cento deste tipo de importações.

Segundo o mesmo documento, Estados Unidos, Rússia, China, França e Alemanha são os maiores exportadores mundiais de armas.

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