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À beira de eleições históricas, há espanhóis indecisos até ao fim

Muitos espanhóis dirigiam-se esta manhã às assembleias de voto ainda com dúvidas sobre o partido em que iriam votar num sistema político fragmentado e numas eleições em que a extrema-direita deverá aparecer em força.

À beira de eleições históricas, há espanhóis indecisos até ao fim
Notícias ao Minuto

14:42 - 28/04/19 por Lusa

Mundo Reportagem

"Muita, muita indecisão. Não sei ainda em quem vou votar. Vou decidir lá dentro, mas é um direito que devemos exercer", disse Elena, de 65 anos, à agência Lusa à entrada da assembleia de voto no Colégio Tirso de Molina do bairro madrileno de Arganzuela.

As sondagens indicam que haverá cinco partidos que terão mais de 10% de votos, sendo o PSOE (socialista) o favorito com cerca de 30%, longe da maioria absoluta, seguido do PP (Partido Popular, direita) com quase 20% e um grupo de três partidos entre 10 e 15%: Cidadãos (direita liberal), Unidas Podemos (extrema-esquerda) e Vox (extrema-direita).

Os estudos de opinião feitos nas últimas semanas também dão conta da existência de uma percentagem elevada de indecisos, cerca de 40%.

"Acho que há muitos indecisos, mas para mim o importante é barrar o caminho ao Vox [extrema-direita]", afirmou Alfonso, que acabava de sair da assembleia de voto e confessava não ter hesitado muito na escolha, apesar de não ser de esquerda.

A dificuldade em resolver o problema separatista na região espanhola da Catalunha fez com que a ala mais radical e saudosista da "velha Espanha" abandonasse o PP e formasse o Vox, que nas eleições regionais na Andaluzia, em dezembro passado, obteve quase 12%, resultado que poderá repetir nas eleições gerais de hoje.

"As pessoas votam sempre nos mesmos, porque têm medo das mudanças", considerou Leonel, de 55 anos, que defende que se dê "uma oportunidade aos novos partidos, que lutam para afastar a corrupção dos velhos instalados no poder".

A Espanha tinha até há poucos anos um sistema bipartidário em que o PSOE e o PP se alternavam no poder.

O aparecimento do Unidas Podemos e do Cidadãos pôs fim a este sistema e nas eleições atuais, com a irrupção do Vox, os partidos vão ter de chegar a acordos de coligação para assegurar um executivo estável.

Alberto, de 45 anos, disse à Lusa que tem "muita curiosidade" sobre qual será o resultado final das eleições, mostrando-se convencido de que "a votação nos partidos ao centro [PSOE e Cidadãos] vai ser decisiva, mas tudo pode acontecer".

No último dia da campanha, na sexta-feira passada, os partidos abriram a porta à negociação de coligações, com o PSOE, à esquerda, a estender a mão ao Unidas Podemos e o PP, à direita, ao Cidadãos e ao Vox.

"Até hoje não sabia em quem votar. Sou uma socialista de toda a vida, mas desde as eleições de 2016 que voto no Unidas Podemos e voltei a fazer o mesmo hoje, porque estou farta de políticos corruptos", afirmou Susana, de 65 anos.

Quase 37 milhões espanhóis podem exercer o seu direito de voto até às 20:00 (19:00) para escolher os 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais, havendo ainda eleições para o parlamento regional na Comunidade Valenciana.

Nas últimas eleições gerais, realizadas em junho de 2016, o PP obteve 33,0% dos votos (137 deputados), o PSOE 22,7% (85), o Unidos Podemos 21,1% (71), o Cidadãos 13,1% (32), havendo ainda uma série de pequenos partidos regionais com menor representação (25).

O Vox, que nas últimas eleições gerais teve 0,2%, poderá agora, segundo as sondagens, ter cerca de 12 % e ser decisivo para a formação de um eventual Governo de direita.

Segundo dados do Ministério do Interior (Administração Interna) espanhol há mais de 92.000 agentes de diversos corpos de polícia a vigiar o ato eleitoral, havendo um reforço das medidas antiterroristas e um plano especial para impedir os ciberataques.

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