Libertado porta-voz de organização que acusou Touadéra de traição

O porta-voz de uma organização cívica da República Centro-Africana (RCA) que tinha sido detido depois de esta ter apelado para manifestações contra "a alta traição" do chefe de Estado já foi libertado.

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Lusa
22/04/2019 21:47 ‧ 22/04/2019 por Lusa

Mundo

RCA

"Ele foi libertado ontem [domingo] às 21 horas, por ordens do procurador-geral", declarou um membro do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil (GTSC), Auguste Sinclair Gbogbo, à AFP.

"Ele foi libertado de noite e não deram justificações", acrescentou.

Paul-Crescent Beninga, porta-voz do GTSC e uma das vozes da sociedade civil centro-africana, tinha sido transferido para a polícia judiciária, depois de ter sido detido na quinta-feira.

Em declarações feitas à AFP na sexta-feira, o procurador disse que Beninga tinha sido detido "por atentar contra a segurança do Estado, ao assinar o comunicado de 10 de abril".

A organização de Beninga tinha apelado aos centro-africanos para que se manifestassem, no dia 15, para "dizer não à alta traição do chefe de Estado", Faustin Archange Touadéra, por ter nomeado "chefes rebeldes mercenários no seio da alta administração" do país.

O GTSC denunciou também "a tomada da República como refém" pelos mesmos "rebeldes mercenários".

Um acordo de paz tinha sido assinado no início de fevereiro entre 14 grupos armados e o Governo.

Um novo executivo foi nomeado depois do acordo e, após novas negociações, subsequentes à expressão de descontentamento de alguns dos grupos armados, a equipa governamental foi remodelada no final de março.

Na equipa atual, há numerosos chefes ou representantes de grupos armados em cargos ministeriais ou como conselheiros do primeiro-ministro.

No seu comunicado de 10 de abril, o GTSC acusou "Ali Darassa e (...) Alkatim, respetivamente mercenários nigeriano e chadiano, de continuarem a massacrar as populações no interior".

Ali Darassa é do grupo União para a Paz na República Centro-Africana (UPC, na sigla em francês) e Alkatim do Movimento Patriótico para a República Centro-Africana (MPC).

Os dois homens, importantes chefes de guerra, foram nomeados conselheiros militares do primeiro-ministro.

Apesar do acordo de paz, o oitavo desde o início da crise em 2013, têm ocorrido confrontos.

No início de abril, a missão das Nações Unidas no país (MINUSCA, na sigla em inglês) lançou uma operação de envergadura contra um grupo armado no oeste da RCA.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

O acordo de Cartum foi assinado no início de fevereiro pelo governo da RCA e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito de um processo de paz.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA, cujo 2.º comandante é o major-general Marcos Serronha, onde agora tem a 5.ª Força Nacional Destacada (FND) e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

A 5.ª FND integra 180 militares do Exército (22 oficiais, 44 sargentos e 114 praças, das quais nove são mulheres) e três da Força Aérea.

 

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