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Conselho Islâmico de Moçambique afasta motivações religiosas de ataques

O presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, xeque Aminuddin Mohamad, afirmou hoje que os problemas de violência que se vivem em Cabo Delgado não são uma questão religiosa e resultam de interesses ocultos.

Conselho Islâmico de Moçambique afasta motivações religiosas de ataques
Notícias ao Minuto

20:04 - 17/04/19 por Lusa

Mundo Cabo Delgado

"[Esses problemas religiosos] não são uma questão religiosa", disse o líder islâmico, num colóquio em Lisboa sobre liberdade de expressão e o contributo das religiões na economia, sugerindo que há "mãos ocultas que querem instigar a desestabilização com fins comerciais ou económicos ou outros fins".

As investidas de grupos armados em Cabo Delgado (província do norte de Moçambique), que já provocaram pelo menos 166 mortos desde outubro de 2017, têm sido associadas a extremistas islâmicos, mas nunca foram reivindicadas.

Em fevereiro, os atacantes visaram, pela primeira vez, uma caravana da petrolífera Anadarko, que sofreu dois ataques diferentes, de que resultaram um morto e seis feridos.

Para o xeque, "infelizmente, estes são problemas reais, mas a religião não tem nada a ver com isso", referindo que cada vez que se descobrem recursos, sobretudo em África, a descoberta é acompanhada de violência.

"É o gás que temos em Cabo Delgado, o que aconteceu no Sudão, o que está a acontecer na Nigéria... São zonas com recursos e isso leva-nos a pensar: o que se passa, há algum interesse estranho?" questionou, acrescentando que estas não são iniciativas dos moçambicanos, sejam eles cristãos ou muçulmanos.

Aminuddin Mohamad assinalou ainda que, em Moçambique todas as religiões monoteístas estão representadas no Conselho das Religiões e mantêm um bom relacionamento entre si, já que os moçambicanos "são pacíficos por natureza", em comparação com outros países, como a Nigéria, onde proliferam os extremistas do Boko Haram.

"Isso em Moçambique não acontece, vivemos pacificamente, muçulmanos e cristãos", frisou, considerando esta "uma particularidade" que não se encontra em muitas outras partes do mundo.

Por outro lado, Aminuddin Mohamad mostrou-se também otimista quanto à evolução do país, "abençoado com recursos, talentos e bênçãos", pelo que não há motivo para o povo "viver na desgraça".

Mas para isso "é preciso que a violência cesse", porque "não tem cabimento Moçambique sofrer o que está a sofrer".

O responsável do Conselho Islâmico acrescentou que "as coisas estão bem encaminhadas politicamente", depois do acordo de paz que foi assinado entre a Frelimo (partido do poder) e a Renamo (partido opositor), pelo que é tempo de "aparecer muito coisa boa" e dar aos moçambicanos a oportunidade para viverem prósperos, sem atirarem culpas.

"É entre nós que temos de arranjar a nossa e se arranjarmos a nossa casa tudo vai correr bem", concluiu.

O colóquio foi organizado pela Casa de Moçambique e pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA).

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