Na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), que decorre em Estrasburgo, França, os eurodeputados deram aval - com 578 votos a favor, 40 contra e 41 abstenções - ao programa de financiamento da investigação e inovação entre 2021 e 2027 Horizonte Europa.
Reagindo à aprovação, o comissário europeu para a Ciência, Carlos Moedas, falou numa "grande vitória para a Europa".
"É extraordinário que em três meses tenhamos conseguido chegar a acordo com o Conselho da UE e com o PE. Da última vez, em que discutimos o Horizonte 2020, em 2014, demorou 18 meses", assinalou Carlos Moedas, falando aos jornalistas à margem da sessão plenária.
Para o comissário, isso "mostra que a Europa, mesmo com todas as dificuldades e com todas as crises, conseguiu tomar decisões e isso é importante não só para os cientistas, como também para as pessoas".
Segundo o responsável português, o Horizonte Europa, que sucede ao Horizonte 2020, tem "duas grandes prioridades".
Desde logo, a criação de um novo conselho europeu de inovação, "que será algo de muito diferente em relação ao que fazemos hoje no financiamento da inovação, das 'startups' e das empresas, [...] ajudando as pessoas a terem acesso mais fácil ao financiamento europeu, essencialmente as pequenas e médias empresas".
"Esse é, para mim, um dos maiores legados que deixo nestes meus cinco anos", assinalou Carlos Moedas.
"Acresce a componente da construção das missões científicas europeias, que é a ligação entre as pessoas e a ciência, como explicamos o que estamos a fazer de maneira simples e [...] como as pessoas sentem e veem o efeito da ciência", apontou.
O Horizonte Europa visa ainda promover a investigação através de um conselho europeu para o efeito e de bolsas e intercâmbios.
Em causa estão áreas como a saúde, a segurança, as tecnologias, o clima, a energia, a mobilidade, os alimentos e os recursos naturais.
No acordo entre o PE e o Conselho da UE relativo à proposta da Comissão Europeia ficou também assente que 35% do orçamento do Horizonte Europa se destina à investigação relacionada com as alterações climáticas.
Apesar de aprovado o programa, ficou ainda por definir a verba global que lhe será destinada, que está dependente do novo quadro financeiro plurianual para 2021-2027.
Enquanto a Comissão Europeia defende um montante de quase 100 mil milhões de euros, o PE quer cerca de 120 mil milhões de euros.
Segundo Carlos Moedas, "é muito importante o conteúdo [do programa] porque o número não quer dizer nada".
"E o que acordámos foi onde vamos aplicar o dinheiro que vamos negociar para o próximo programa quadro plurianual de sete anos. Espero que os 100 mil milhões de euros sejam aprovados e, portanto, estou otimista, mas é verdade que não se consegue fazer tudo ao mesmo tempo", adiantou.