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Brexit: Verhofstadt contra extensão, Tusk aconselha-o a refletir

O coordenador do Parlamento Europeu para o Brexit, Guy Verhofstadt, manifestou-se hoje contra a extensão de seis meses do Artigo 50.º dada ao Reino Unido pelo Conselho Europeu, considerando que há um risco de contaminação das eleições europeias.

Brexit: Verhofstadt contra extensão, Tusk aconselha-o a refletir
Notícias ao Minuto

12:00 - 16/04/19 por Lusa

Mundo Parlamento Europeu

Na intervenção final do debate de hoje no hemiciclo de Estrasburgo sobre a decisão tomada pelos líderes europeus na semana passada, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse compreender "interesses partidários", mas aconselhou Verhofstadt - que é também líder do Grupo da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa, um grupo centro-liberal no Parlamento Europeu -, a refletir nos aplausos "enérgicos" que recebeu de Nigel Farage, um dos grandes defensores do Brexit.

Ao tomar a palavra, Verhofstadt lamentou a decisão tomada pelo Conselho Europeu no final da noite de 10 de março, de prolongar uma vez mais a data limite para a saída do Reino Unido até 31 de outubro, um prazo que considera excessivo e que, na sua opinião, acarreta vários riscos.

Segundo o antigo primeiro-ministro belga, o prolongamento da incerteza poderá "importar a confusão do Brexit para a União Europeia e contaminar as eleições europeias" de maio, provocando ainda a insólita situação de dezenas de deputados britânicos serem eleitos para o Parlamento Europeu para, passados alguns meses, saírem.

Além disso, apontou, este prolongamento de seis meses pode fazer com que "a pressão para um acordo interpartidário" no Reino Unido, entre conservadores e trabalhistas, "se desvaneça", pois agora as partes sentem que têm o tempo do seu lado, "e a prova disso mesmo é que a primeira decisão que a Câmara dos Comuns tomou" após a decisão do Conselho Europeu, "foi ir de férias".

"Nunca pensei dizer isto na minha vida neste parlamento, mas se calhar a única coisa que nos pode salvar é Nigel Farage", disse, explicando que este deputado eurocético já está a fazer campanha pela nova força partidária que criou para as eleições europeias de maio, o 'Partido do Brexit', que, sustentou, ameaça esmagar nas urnas os dois tradicionais grandes partidos britânicos.

O seu conselho a conservadores e trabalhistas é então "que façam um acordo já, imediatamente, nos próximos dias, para evitar este desastre iminente", permitindo ao Reino Unido abandonar o bloco europeu ainda antes das eleições europeias, que se realizam entre 23 e 26 de maio próximo.

Na sua intervenção final, Donald Tusk lembrou que, à luz da permanência na UE além da data de 22 de maio, "o Reino Unido tem o direito e a obrigação de participar nestas eleições europeias, e isso não está sujeito a negociações", e deixou uma mensagem a Verhofstadt.

"Eu compreendo interesses partidários, mas os mesmos não podem sobrepor-se à realidade legal. O senhor Verhofstadt foi aplaudido, calorosamente e energicamente, pelo senhor Farage. Esta, só por si, é uma boa razão para você, senhor Verhofstadt, reconsiderar e reformular a sua argumentação", declarou Tusk, provocando risos no hemiciclo, incluindo de Nigel Farage.

A participação do Reino Unido nas eleições ameaça retirar peso político aos Liberais, pois os britânios elegem 73 deputados, tradicionalmente distribuídos por outras bancadas que não a da Aliança dos Liberais e Democratas.

Caso o Reino Unido abandone a UE antes das eleições, está previsto que, dos 73 lugares libertados pela sua saída, 27 sejam redistribuídos por 14 Estados-Membros, à luz do princípio da proporcionalidade degressiva, enquanto os restantes 46 lugares fiquem vagos, podendo ser utilizados para eventuais futuros alargamentos da União Europeia.

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