PP deverá ter o seu pior resultado mas acredita poder voltar ao poder
O Partido Popular (PP, direita) prepara-se para ter o pior resultado eleitoral da sua história, mas ainda alimenta a esperança de liderar o bloco de partidos da direita espanhola e subir ao poder.
© Reuters
Mundo Eleições
Presidido desde julho último por Pablo Casado, o partido que tradicionalmente representava as forças mais conservadoras espanholas endureceu o seu discurso político para contrariar o aparecimento do movimento radical Vox, que surgiu inesperadamente e pode obter mais de 10% da votação nas eleições de 28 de abril próximo.
As últimas sondagens indicam que o PP poderia baixar para menos de 20% da votação, quando no parlamento dissolvido no início do corrente mês tinha 33% e a maioria relativa dos deputados da assembleia.
Mesmo assim, o elevado número de indecisos leva os Populares a acreditar na possibilidade de conseguirem uma solução do tipo da encontrada em dezembro passado na comunidade autónoma da Andaluzia, onde o PP lidera o governo regional coligado com o Cidadãos (direita liberal) com o apoio parlamentar do Vox.
A viragem do PP à direita também é confirmada pela aparição em várias ações de campanha do ex-lider e antigo primeiro-ministro ultraconservador José Maria Aznar, adversário do anterior presidente do partido e chefe de Governo, Mariano Rajoy, um tecnocrata que praticamente desapareceu desde que foi substituído em junho passado pelo socialista Pedro Sánchez na condução do executivo.
"O PP voltou à sua essência anterior, com Aznar a ser um protagonista ativo e a ser utilizado contra o Vox", explicou à agência Lusa o professor de Comunicação Política da Universidade de Navarra Carlos Barrera.
O PP acusa o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de ter os independentistas catalães, "que querem dividir a Espanha", como aliados e defende "mão dura" contra estes, nomeadamente uma nova intervenção do Estado central na região que continua a ser governada pelos movimentos separatistas.
Esta questão deverá marcar a reta final da campanha eleitoral e é uma matéria que une o PP a Cidadãos (direita liberal) e Vox.
Desde que foi eleito presidente do PP que Casado tem percorrido todas as regiões espanholas a apresentar o seu programa de Governo, que coincide com o programa eleitoral apresentado há uma semana e onde avança com medidas para piscar o olho aos potenciais votantes do Cidadãos e do Vox.
O reforço do poder do Estado central para assegurar a unidade de Espanha e combater o independentismo é a medida central do programa que também inclui uma "revolução fiscal" com uma diminuição do IRS ou medidas de apoio às famílias.
Na área da Energia e Alterações Climáticas, o PP quer acabar com as restrições atuais aos veículos de combustão e defende que a evolução tecnológica e as decisões dos consumidores é que devem marcar a substituição em curso para uma tecnologia mais limpa.
Entre outras medidas, o partido também pretende o início de um "plano de choque" para enfrentar o problema dos migrantes menores não acompanhados e garantir o seu "retorno ou devolução" aos países de origem.
O PP tem a sua origem em 1989 na Aliança Popular de Manuel Fraga Iribarne, nome importante da transição democrática espanhola, que nesse ano se fundiu com o Partido Democrata Popular e o Partido Liberal Espanhol.
O PP e o PSOE intercalaram entre si nos últimos 40 anos a responsabilidade de dirigir o Governo espanhol.
Um sistema bipartidário que foi destruído em 2015 com o aparecimento de dois novos partidos: o Podemos (extrema-esquerda) e o Cidadãos.
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