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Cada eleição em África é uma preocupação, diz Mo Ibrahim

O empresário e filantropo Mo Ibrahim defendeu, em entrevista à agência Lusa, que cada eleição em África "é uma preocupação" porque eleições livres, comissões eleitorais independentes e respeito pela oposição são ainda conceitos novos para muitos países africanos.

Cada eleição em África é uma preocupação, diz Mo Ibrahim
Notícias ao Minuto

08:12 - 11/04/19 por Lusa

Mundo Empresários

"Cada eleição em África é preocupante porque eleições livres e pacíficas, comissões eleitorais independentes e respeito pela oposição são conceitos novos que ainda não foram assimilados em muitos países africanos", disse.

O presidente da Fundação Mo Ibrahim, que promove a boa governação e a liderança em África, comentava desta forma os mais de 20 processos eleitorais já realizados ou previstos para 2020 em todo o continente africano.

Mo Ibrahim criticou, nomeadamente, os resultados das últimas eleições na República Democrática do Congo (RDCongo), bem como o seu "surpreendente reconhecimento" pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês).

Os resultados das eleições de dezembro na RDCongo, que deram oficialmente a vitória a Felix Tshisekedi, foram contestados pelo candidato derrotado, Martin Fayulu, pela Igreja Católica no país e levantaram "sérias dúvidas" de fraude à comunidade internacional.

"A SADC cedeu e agora não há muito que se possa fazer. Não sabemos porque cederam. A SADC é a mais democrática região de África, muitos dos seus países são verdadeiramente democráticos - a África do Sul, a Namíbia - simplesmente não percebo o que aconteceu. Fizeram uma reunião e aceitaram os resultados", disse.

"Espero que não tenham sido os interesses da indústria mineira. Mas a África do Sul já desceu a um ponto em que os interesses mineiros dos países vizinhos se tornaram fator decisivo naquilo que faz? Isso seria muito preocupante", acrescentou.

Por outro lado, elogiou os progressos que alguns países conseguiram fazer, dando como exemplos positivos o Gana e Cabo Verde.

"O Gana tem dois partidos muito fortes, que ficam sempre a par nas eleições e que, de alguma forma, conseguem sempre realizar eleições pacíficas", disse.

"Cabo Verde também tem uma grande tradição [de eleições livres] é uma democracia muito resiliente", acrescentou.

A Fundação Mo Ibrahim realizou durante o fim de semana, na Costa do Marfim, a sua iniciativa anual de debate sobre liderança e governação, esta edição dedicada ao emprego, juventude e migrações.

Neste contexto, Mo Ibrahim sublinhou a importância de os governos e governantes terem acesso a dados e informações de qualidade para poderem tomar boas decisões políticas.

"Má informação pode levar a más políticas. No Reino Unido, muitos votaram para deixar a União Europeia por causa das migrações de outros cidadãos europeus. Em Suntherland, onde não há imigrantes, votaram para sair por causa dos imigrantes que vinham ocupar os empregos de uma fábrica de carros, o maior empregador da cidade, e agora, por causa do 'Brexit', a fábrica vai mudar-se", exemplificou.

Para Mo Ibrahim, a combinação da "má perceção" das pessoas e dos "preconceitos e mentiras produzidas por políticos terríveis" leva a "más políticas".

"Todos estes populismos são alimentados por má informação, falta de dados, perceções erradas e preconceitos", sublinhou.

Mohamed "Mo" Ibrahim,73 anos, é um cidadão britânico de origem sudanesa que fez fortuna na área das telecomunicações, tendo criado a Fundação Mo Ibrahim, que divulga anualmente um índice que monitoriza a boa governação em África.

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