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Europeias: Patrões alemães entram na campanha e querem travar eurocéticos

As grandes multinacionais alemãs, habitualmente relutantes em manifestar posições políticas, decidiram, a pouco mais de um mês das eleições europeias, apelar abertamente aos respetivos trabalhadores para que votem e travem uma potencial vitória dos partidos eurocéticos.

Europeias: Patrões alemães entram na campanha e querem travar eurocéticos
Notícias ao Minuto

17:25 - 08/04/19 por Lusa

Mundo Apelo

"A 26.5 [dia 26 de maio, data da votação para as eleições europeias na Alemanha], escolha a Europa -- é uma questão de liberdade e de prosperidade", é a frase exibida num grande 'outdoor' patrocinado pela Federação Industrial da Baviera (VBW, na sigla em alemão) que hoje foi revelado em pleno centro de Munique (capital do estado da Baviera, sudeste), segundo relatou a agência francesa France Presse (AFP).

Segundo esta associação patronal alemã, a ação visa "promover a Europa e a participação nas eleições" e, como argumentam vários especialistas ouvidos pela AFP, também visa proteger os respetivos interesses empresariais potencialmente ameaçados por um possível reforço das forças eurocéticas no Parlamento Europeu.

A VBW não está sozinha neste movimento. Várias multinacionais e federações profissionais alemãs, como é o caso da Volkswagen, da Thyssenkrupp ou da Federação das Indústrias Químicas (VCI, na sigla em alemão), estão a exortar os respetivos trabalhadores a irem votar nas eleições europeias.

"Não observei, no passado, tantas empresas a apelarem publicamente à participação na votação", comentou, em declarações à AFP, Hubertus Bardt, diretor de investigação do Instituto IW, em Colónia.

"As empresas estão a perceber a importância da integração europeia", afirmou o perito.

Em finais de fevereiro, numa carta enviada aos membros da Confederação Patronal alemã (BDA, na sigla em alemão), o "patrão dos patrões" Ingo Kramer classificou a atual situação como "grave" e considerou que o projeto europeu está "ameaçado".

"Peço a todas as empresas alemãs que anunciem claramente a sua posição", escreveu o líder da BDA, manifestando o seu receio de que "os anti-europeus de esquerda e de direita se tornem numa grande força de bloqueio no Parlamento Europeu".

Com 780 mil milhões de euros em exportações em 2018, a União Europeia (UE) é o maior mercado para as empresas alemãs.

"As iniciativas (para as eleições) vêm principalmente dos grandes grupos orientados para a exportação", observou o economista Alexander Kritikos, do instituto alemão de pesquisa económica DIW, em Berlim.

"Tendências como o 'Brexit' [processo de saída do Reino Unido da UE], o populismo, o euroceticismo e o nacionalismo são os principais riscos para as empresas desta dimensão", explicou Andrea Römmele, professora da Hertie School of Governance, em Berlim, também em declarações à AFP.

A campanha "Sim à Europa" ("Ja zu Europa", na versão original) que será lançada este mês pela Federação alemã das Indústrias Químicas (VCI) quer "sublinhar as vantagens de uma Europa unida e capaz de agir", explicou, por sua vez, o presidente da federação e líder do gigante de produtos de consumo Henkel, Hans Van Bylen.

"Devemos explicar melhor porque precisamos de mercados abertos e de livre comércio para ter sucesso e não um recuo nas nossas economias nacionais", argumentou, por seu turno, em março passado, o presidente do grupo industrial Thyssenkrupp, Guido Kerkhoff, em declarações aos 'media' alemães.

A Volkswagen também irá fazer em breve "um apelo claro ao voto", afirmou, em finais de janeiro em Bruxelas, o diretor de recursos humanos da multinacional automóvel alemã, Gunnar Kilian.

"Pela unidade europeia, pelos nossos valores comuns, por uma cooperação pacífica, (...) a nossa democracia precisa de cada voz", declarou então o representante.

As eleições europeias 2019 vão ter lugar de 23 a 26 de maio.

Nas últimas eleições europeias, realizadas em maio de 2014, a taxa de abstenção europeia situou-se nos 57,39% e a taxa de participação nos 42,61%. No caso concreto da Alemanha, a taxa de abstenção registada foi de 51,90% e a taxa de participação rondou os 48,1%.

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