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Protestos após absolvição de polícia que matou jovem negro desarmado

Protestos contra a absolvição de um polícia branco que matou a tiro um adolescente negro desarmado encheram hoje as ruas da cidade norte-americana de Pittsburgh, horas depois de um tiroteio aparentemente retaliatório no escritório do advogado de defesa.

Protestos após absolvição de polícia que matou jovem negro desarmado
Notícias ao Minuto

23:49 - 23/03/19 por Lusa

Mundo Pittsburgh

O pai do jovem Antwon Rose II, de 17 anos, já apelou para a paz, e a polícia local pôs agentes em turnos de 12 horas até novas ordens.

O veredicto, conhecido na sexta-feira à noite, revoltou a família e os líderes da comunidade e levou centenas de pessoas a concentrarem-se hoje à tarde num cruzamento chamado Freedom Corner (Esquina da Liberdade), no bairro de Hill District, o centro histórico da vida cultural negra de Pittsburgh.

Um homem brandia um cartaz com os nomes de homens negros mortos pela polícia em todos os Estados Unidos.

"É muito doloroso assistir ao que aconteceu, estar ali sentado e lidar com aquilo. Eu só não quero que aquilo aconteça mais na nossa cidade", disse Antwon Rose Senior à multidão.

Depois, disse à imprensa: "Quero paz, ponto final, é só isso. Lá porque houve violência não quer dizer que tenhamos que responder com violência".

A multidão maioritariamente branca marchou então pelo centro de Pittsburgh e outros bairros da cidade, ocasionalmente bloqueando ruas enquanto repetia "Quem fez isto? A polícia fez isto!". O protesto seguiu depois para o campus da Universidade de Pittsburgh. A polícia não reportou distúrbios ou detenções.

Na madrugada de hoje, entre cinco e oito tiros foram disparados dentro do edifício onde trabalha o advogado de defesa do polícia, Patrick Thomassey, mas ninguém ficou ferido, indicou a polícia de Monroeville.

O ex-agente da polícia de East Pittsburgh Michael Rosfeld foi acusado de homicídio por ter disparado sobre Antwon Rose II quando o adolescente desarmado fugiu durante uma operação 'stop', em junho passado.

Rosfeld testemunhou que pensava que Rose ou outro suspeito tinham uma arma apontada a ele e que disparou em sua defesa e da comunidade.

"Espero que esse homem nunca consiga dormir à noite. Espero que consiga dormir tanto como eu, que é nada", disse a mãe do rapaz mortalmente atingido a tiro, Michelle Kenney, na sexta-feira à noite, após ouvir o veredicto.

A família do jovem vai agora avançar com um processo federal de direitos civis contra Rosfeld e East Pittsburgh, o pequeno município a cerca de 16 quilómetros do centro de Pittsburgh, onde se realizou o julgamento.

O adolescente seguia num táxi sem licença que tinha estado envolvido num tiroteio em movimento minutos antes, quando Rosfeld mandou encostar a viatura e o atingiu a tiro nas costas, no braço e num dos lados da cara.

Nem Antwon Rose nem outro adolescente que estava no táxi tinham armas na mão quando o polícia abriu fogo, embora mais tarde tenham sido encontradas duas armas dentro do veículo.

Rosfeld trabalhava no Departamento de Polícia de East Pittsburgh há apenas algumas semanas e prestou juramento só algumas horas antes do tiroteio.

O júri de 12 pessoas, três das quais negras, viu o vídeo do confronto fatal e levou menos de quatro horas a chegar a um veredicto.

O procurador do ministério público Jonathan Fodi argumentou que o vídeo mostrava a inexistência de ameaça para o polícia, mas um perito da defesa atestou que Rosfeld estava no uso dos seus direitos ao usar força letal para deter suspeitos que pensava terem estado envolvidos num tiroteio.

A acusação não chamou o seu especialista em uso de força, uma decisão questionada pela União das Liberdades Civis Americanas (ACLU, na sigla em inglês) da Pensilvânia.

Mas um porta-voz do gabinete do procurador do ministério público distrital, Mike Manko, explicou que a acusação estava confiante em que tinha aquilo de que precisava para ganhar o caso.

Pouco antes da operação 'stop', o outro rapaz que se encontrava no táxi, Zaijuan Hester, abriu o vidro da janela e disparou sobre dois homens que estavam na rua, atingindo um deles no abdómen.

Na semana passada, Hester, de 18 anos, declarou-se culpado de agressão grave e posse ilegal de arma de fogo e disse que ele, e não Antwon Rose, foi o autor dos disparos.

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