Fundação de Mia Couto abre contas para donativos de ajuda a Moçambique
A Fundação Fernando Leite Couto, em parceria com a Cruz Vermelha Internacional, vai ajudar na angariação de valores monetários para ajuda humanitária imediata em Moçambique, como se lê na carta do escritor Mia Couto, hoje divulgada.
© Lusa
Mundo Ciclone Idai
Na carta assinada pelo escritor moçambicano, natural da Beira, lê-se que o seu país "precisa urgentemente da solidariedade de todos", e que, além da ajuda humanitária imediata, também serão angariados valores para a "reconstrução, a longo prazo, de infraestruturas danificadas devido a passagem do ciclone Idai, pela zona centro do país".
As Nações Unidas apontam o ciclone, que afetou 1,7 milhões de pessoas, como "o pior desastre climático no hemisfério sul".
O facto de não se conseguir quantificar o número de mortos e avaliar a dimensão dos estragos, que incluem casas, edifícios públicos, estradas, pontes, energia ou comunicações, mostra bem "a dimensão desta tragédia, que supera largamente a capacidade de resposta do nosso país", escreve Mia Couto.
A cidade da Beira, a segunda maior de Moçambique, foi "quase totalmente destruída e encontra-se isolada". Parece "ter sido condenada ao escuro, ao luto e ao silêncio", escreve Mia Couto, segundo o qual "não há mais chão para a chuva que continua a tombar".
A Fundação, lê-se na missiva, "irá definir, numa segunda fase, com amigos e parceiros, formas de manter o apoio na reconstrução da cidade da Beira".
"Na primeira fase, os donativos serão canalizados para a Cruz Vermelha de Moçambique e Internacional, para responder às necessidades imediatas como imperativo humanitário", escreve Mia Couto.
Os donativos em dólares podem ser entregues no IBAN MZ590 0430 000 000 179 7980 085, SWIFT: UNICMZMX, ou em meticais em IBAN MZ590 0430 000 000 179 7880 369, SWIFT: UNICMZMX, ou ainda através da página de facebook da Fundação Fernando Leite Couto, e dos 'sites' e facebook da Editorial Caminho.
O escritor tem mantido publicações regulares, no Facebook, que documentam a situação no país.
Na terça-feira, lia-se na sua página oficial: "Na verdade, estou quase tão destruído quanto a minha cidade. Estava determinado a ir para a Beira para mergulhar no espírito do lugar e agora, segundo me dizem, quase não há lugar. É como se me tivessem arrancado parte da infância".
De acordo com números divulgados hoje, em Genebra, pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, a passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Maláui atingiu, pelo menos, 2,8 milhões de pessoas.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional, na terça-feira, e disse que 350 mil pessoas "estão em situação de risco".
Moçambique cumpre hoje o segundo de três dias de luto nacional.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400 mil pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da "pior crise" do género em Moçambique.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na noite de 14 de março, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
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