Migrações: Operação europeia 'Sophia' em risco de acabar a 31 de março
A operação militar europeia 'Sophia' criada em 2015 para travar o tráfico de pessoas no Mediterrâneo poderá acabar a 31 de março por falta de acordo entre os Estados-membros da União Europeia, alertou hoje a chefe da diplomacia europeia.
© Reuters
Mundo Federica Mogherini
"Ainda espero que um acordo seja alcançado, mas não vejo nenhuma movimentação e, na ausência de desenvolvimentos, a operação 'Sophia' terá de ser abandonada, com todas as consequências que isso implica, infelizmente", afirmou a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a italiana Federica Mogherini.
A representante falava após uma reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da UE, que decorreu hoje em Bruxelas e que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva.
A operação "Sophia", iniciada em 2015, viu em dezembro passado o seu mandato prorrogado pelo Conselho da União Europeia até 31 de março de 2019, a menor das prorrogações até ao momento - a última, em julho de 2017, tinha sido por um ano e meio.
Sob comando italiano, o "quartel general" desta missão europeia é em Roma e a Marinha italiana está muito envolvida nas operações desencadeadas ao largo da costa da Líbia, país imerso num caos político e securitário e que tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes.
Mas, a atual coligação que governa Itália, composta pela Liga (partido de extrema-direita) e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), tem adotado uma linha dura em matérias relacionadas com as migrações e tem exigido alterações das regras que impõem o desembarque das pessoas resgatadas pelos navios da operação "Sophia" em portos italianos.
As declarações de Federica Mogherini surgem no mesmo dia em que o submarino da Marinha portuguesa "Tridente" largou da base naval de Lisboa para integrar a operação "Sophia". O submarino português estará em simultâneo em "apoio" à missão da NATO "Sea Guardian", durante dois meses, no Mediterrâneo.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do Estado-Maior-General das Forças Armadas, (EMGFA), comandante Coelho Dias, disse que o submarino português integrará a operação "Sophia" e, caso não seja novamente prorrogada, continuará no Mediterrâneo em "apoio associado" à operação da NATO "Sea Guardian".
A operação "Sophia" visa desmantelar o modelo de negócio dos passadores e dos traficantes de seres humanos na zona sul do Mediterrâneo central, tendo ainda como missão o salvamento de vidas no mar.
Os navios participantes desembarcam os migrantes resgatados em portos italianos, onde a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) instalou postos de registo e identificação das pessoas.
No passado dia 21 de dezembro, o Conselho da UE prolongou por mais três meses o mandato da operação "Sophia", sem avançar soluções para os obstáculos levantados pelo Governo italiano.
Numa nota então divulgada, o Conselho recordou que a operação contribui para os esforços da UE para "devolver a estabilidade e a segurança à Líbia e para a segurança marítima na região do Mediterrâneo central".
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