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Bruxelas resistiu à chuva para ser 'plus chaud que le climat'

Cerca de 30.000 pessoas uniram-se hoje em Bruxelas (Bélgica), num coro sem idades, para anunciar que são "mais quentes do que o clima" e que a sua luta contra as alterações climáticas não vai esmorecer.

Bruxelas resistiu à chuva para ser 'plus chaud que le climat'
Notícias ao Minuto

16:13 - 15/03/19 por Lusa

Mundo Clima

Nem o plúmbeo céu que se abate há já demasiados dias sobre Bruxelas, nem o alerta para ventos fortes desmobilizaram a turba que, religiosamente, semana após semana, tem marchado nas ruas do coração da Europa para sensibilizar/alertar para as alterações climáticas.

Hoje, cerca de 30.000 belgas -- a maior marcha congregou 70.000 pessoas num domingo soalheiro em Bruxelas - saíram à rua para se unir ao clamor mundial de milhares e milhares de jovens alunos em 123 países, que sob o lema "fazer greve por um clima seguro", instaram os políticos a empreenderem ações concretas para combater este flagelo.

Ainda antes de chegarem ao ponto de partida, a Gare du Nord, miúdos e graúdos, munidos de cartazes, tachos e vozes (des)afinadas, lotaram as carruagens do metro até à estação de Rogier, onde saíram para encontrar uma maré humana que ao som de 'On est plus chaud que le climat!' (Somos mais quentes do que o clima, em tradução livre) anunciou alto e bom som ao que vinha.

Vestido dos pés á cabeça de garrafas de plástico, recolhidas no verão passado na praia de Oostende, talvez a mais conhecida e frequentada das praias belgas, Aäron Fabrice era um daqueles que, pela originalidade, mais se destacava na multidão.

"Há oito anos que estou a lutar contra a poluição das praias com plástico. É tão triste o que se vê na costa belga. O país está dividido em dois, entre aqueles que se preocupam e aqueles que não querem saber e até são contra esta luta porque não querem pagar mais impostos [relacionados com a luta contra as alterações climáticas]", atirou em declarações à agência Lusa, já depois de revelar que demorou mais de sete horas a construir a sua indumentária de hoje.

A luta do jovem belga, e do seu grupo de amigos, é tão séria que Fabrice tem até cartões de visita, que distribuiu por quem consigo falou, a apresentar-se como 'Plastic Soup Warrior', o guerreiro da 'sopa de plástico'.

Sem se esquecer de referir a sua inspiração, a jovem sueca Greta Thunberg, mentora do movimento e nomeada para o prémio Nobel da Paz, o rapaz insistiu na importância de greves planetárias como a de hoje para sensibilizar todos aqueles que ainda não estão cientes do efeito das alterações climáticas.

O mesmo mote foi repetido à Lusa por Max e Alex. "Estes movimentos têm um efeito bola de neve: as pessoas estão mais alerta para este problema por causa destas iniciativas e por estarem mais conscientes é que participam mais nestas marchas", analisou o primeiro, enquanto empunhava um cartaz onde se podia ler 'Make Cities Green Again (Tornem as cidades novamente verdes), uma apropriação do lema de Donald Trump 'Make America Great Again'.

"Não sei explicar o porquê de estar aqui, porque é tão evidente. É simples: é obrigatório", afirmou o segundo e o mais silencioso dos dois amigos na casa dos 20 anos.

Tão obrigatório que os dois, e os milhares que os circundavam, ignoraram a chuva que entretanto começou, primeiro tímida, depois pesada, e prosseguiram a sua marcha até à Gare du Midi, a mais de três quilómetros do ponto de partida.

"Sentimos que estamos aqui por um motivo. As outras manifestações foram fáceis, porque o sol espreitava em Bruxelas. Hoje está terrível e estamos aqui. Quer dizer que as pessoas sentem esta luta verdadeiramente como sua", vincou Max.

Aquela que foi apresentada como uma greve estudantil mundial tornou-se hoje, em Bruxelas, num coro sem idades, repleto de crianças, jovens, adultos (mais e menos velhos), e até cães e bicicletas, que mereceu o aplauso até daqueles que a eles não se juntaram.

"Isto é aquela manif contra as alterações climtáticas?", perguntou à Lusa uma transeunte que recusou identificar-se.

Satisfeita a curiosidade, disparou: "Parece-me excelente que os jovens se mexam, porque é do seu futuro que se trata. O Mundo está em perigo e eles devem lutar contra isso".

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