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Ébola pode expandir-se na RDCongo e países vizinhos devido à insegurança

A degradação da segurança no Kivu Norte, na República Democrática do Congo (RDCongo) pode permitir a expansão do Ébola a outras partes do país e aos países vizinhos, alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Ébola pode expandir-se na RDCongo e países vizinhos devido à insegurança
Notícias ao Minuto

15:46 - 14/03/19 por Lusa

Mundo OMS

"O surto pode voltar a crescer, se a situação de segurança continuar a degradar-se. E as hipóteses estão lá. O surto pode expandir-se a outras partes da RDCongo, pode mesmo expandir-se aos países vizinhos", alertou hoje em conferência de imprensa em Genebra o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O responsável da OMS sublinhou, no entanto, "duas boas notícias": uma é que "o surto tem sido circunscrito nos últimos sete meses a uma área geográfica chamada Kivu Norte e não se expandiu para países vizinhos. E a segunda boa notícia é que não só não está a expandir-se como está a encolher".

O número de vítimas do Ébola na RDCongo continua a subir, está agora nas 584 mortes, de acordo com os últimos dados do Governo congolês, mas o objetivo da OMS, reafirmado hoje por Tedros Ghebreyesus, é erradicar o surto nos "próximos seis meses".

Este otimismo contrasta com a leitura que a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) faz da situação. Na semana passada, também numa conferência de imprensa em Genebra, onde se encontra a sede da OMS, Joanne Liu, o presidente da MSF afirmou que a resposta sanitária ao surto de Ébola na região está "a ser tóxica".

Liu apontou a "crescente militarização" como o principal ingrediente num "cocktail" de fatores que tem contribuído para uma crescente falta de confiança entre as comunidades afetadas pela epidemia.

Essa desconfiança, segundo a MSF, resulta na "consequência preocupante" de continuarem a surgir "novos casos de pessoas contaminadas exteriores à cadeia de transmissão". Ou seja, afirmou Joanne Liu, "o surto não está circunscrito" e o Ébola "ainda está por cima".

Tedros Ghebreyesus afirmou hoje o contrário. "Apesar da situação [de segurança] muito difícil, o surto foi contido em 11 comunidades de um total de 28 onde houve registo de Ébola", sublinhou o diretor-geral da OMS.

"A resistência à intervenção [sanitária] na região não é surpreendente, porque a região é palco de um conflito armado há muitas décadas. Há muitos deslocados. Por causa do conflito, as comunidades que aí vivem são sempre cautelosas. Não me surpreende que haja desconfiança", disse Tedros Ghebreyesus.

Não obstante, prosseguiu, "as cidades de Katwa e Butembo são os pontos quentes [da epidemia]. Mais de metade dos novos casos nos últimos 20 dias, 38 de 74, foi em Katwa".

"Sempre que ocorrem casos de contágio noutras cidades temos conseguido identificar a ligação a Katwa e Butembo", sublinhou.

De acordo com últimos dados transmitidos pela OMS, o surto de Ébola na RDCongo regista até agora 927 casos confirmados e prováveis e 584 mortes. Mais de 87 mil pessoas foram vacinadas, incluindo 27 mil pertencentes ao pessoal de ação médica no país e mais 5 mil nos países vizinhos.

Mais de 400 doentes foram tratados com novas terapias, ainda segundo o responsável da OMS, e ultrapassa os 58.000 o número de casos de contactos registados, entre os quais mais de 4.200 estão a ser seguidos.

Entre este balanço, Tedros Ghebreyesus deu particular relevo ao facto de se registar atualmente "metade de novos casos" em relação ao registo em janeiro, quando era de 50 novos casos por semana e agora se fica nos 25, anunciou.

A "maior preocupação" da OMS na região, sublinhou, por isso, o diretor-geral da agência das Nações Unidas, "é a segurança". A resposta sanitária ao surto do Ébola foi já alvo de quatro ataques a centros de tratamento. No último, na passada quinta-feira, uma pessoa foi morta e outra ferida.

O Governo congolês tem reagido a esta situação com o reforço da presença das forças de segurança na região, mas Tedros Ghebreyesus chama a atenção para a necessidade de um "equilíbrio", por forma a não ser colocada em risco a confiança das comunidades.

"Há uma necessidade de encontrar um equilíbrio entre o que fazemos em termos de segurança e proteção e a necessidade de permanecermos junto das comunidades para combater a doença", sublinhou.

"Sair da região não é opção. A evacuação não é uma opção. Perderíamos o que conseguimos até agora e o vírus teria caminho livre para expandir-se agressivamente", acrescentou o diretor-geral da OMS.

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