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Autoridades do Zimbabué usaram força excessiva contra manifestantes

As forças de segurança do Zimbabué usaram força excessiva letal "para esmagar" uma onda nacional de protestos contra o Governo do Presidente Emmerson Mnangagwa em meados de janeiro último, denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).

Autoridades do Zimbabué usaram força excessiva contra manifestantes
Notícias ao Minuto

11:40 - 12/03/19 por Lusa

Mundo ONG

"O anúncio repentino do Presidente Emmerson Mnangagwa de um aumento de 150% dos preços dos combustíveis resultou em três dias de protestos em todo o Zimbabué nos quais as forças de segurança dispararam munições reais, matando 17 pessoas, e violaram pelo menos 17 mulheres", denuncia a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos.

As autoridades zimbabueanas deverão "parar os abusos continuados, libertar aqueles que foram detidos arbitrariamente, e processar de forma apropriada os responsáveis", prossegue a HRW.

De acordo com Dewa Mavhinga, diretor do HWR para a África Austral, "as forças de segurança do Zimbabué levaram a cabo mortes, violações, tortura e outros abusos durante os protestos de janeiro", pelo que as autoridades do país "deverão deter e processar os responsáveis" e enviar uma "mensagem forte de que não serão tolerados crimes perpetrados pelas forças de segurança".

À medida que os protestos se extinguiam no resto do país, a ação das forças de segurança manteve-se particularmente violenta na capital do país, Harare. "A incapacidade do Governo em solucionar os problemas por detrás dos protestos, incluindo a subida dos preços dos combustíveis, significa que a situação pode deteriorar-se ainda mais", afirma a HRW.

As conclusões da ONG baseiam-se em entrevistas com 45 vítimas de abusos e respetivos familiares, testemunhas, ativistas, pessoal médico, advogados, agentes da polícia e outros durante uma deslocação da HWR a Harare, Epworth e Chitungwiza em fevereiro, além de entrevistas pelo telefone desde janeiro.

A Associação Zimbabueana de Médicos para os Direitos Humanos (ZADHR, na sigla inglesa) indicou à HRW que garantiu serviços de emergência médica a 81 pessoas com ferimentos de balas em Harare, Bulawayo, Gweru, Karoi, Chinhoyi, Chitungwiza, Kadoma e Mutare entre os dias 14 e 29 de janeiro.

No passado dia 12 de janeiro, Emmerson Mnangagwa anunciou um aumento do preço do litro da gasolina de 1,38 para 3,31 dólares, mais do que duplicando o seu custo.

A Confederação Sindical do Zimbabué reagiu então com a convocação de uma greve de três dias, e os zimbabueanos manifestaram-se em todo o país, não só contra a decisão presidencial, como contra a incapacidade do Governo em resolver a crise económica que afeta o país.

A greve e os protestos foram violentamente reprimidos pelas autoridades, tendo, durante os confrontos, morrido 12 pessoas e, pelo menos, 78 ficado feridas, segundo dados recolhidos na altura durante os dias dos protestos por vários grupos de defesa dos direitos humanos.

Mais de 600 pessoas, incluindo membros da oposição no Parlamento, foram detidas.

A repressão exercida pelo exército e pela polícia foi fortemente criticada pelas Nações Unidas e por várias organizações de defesa dos direitos humanos.

As proporções da violência exercida pelas forças de segurança mereceram uma condenação por parte do Presidente zimbabueano.

"As violências ou o mau comportamento das nossas forças de segurança são inaceitáveis (...) as falhas serão objeto de um inquérito, se necessário, irão rolar cabeças", garantiu na altura Emmerson Mnangagwa.

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