Estudantes nas ruas da capital da Argélia contra "truque" de Bouteflika
Várias centenas de estudantes manifestam-se hoje no centro de Argel, apesar dos anúncios da véspera de Abdelaziz Bouteflika, qualificados de "truque" do poder visando prolongar por tempo indeterminado o quarto mandato do chefe de Estado.
© Reuters
Mundo Crise
"Os estudantes resistem ao prolongamento do 4.º mandato", gritam os manifestantes agitando bandeiras, constataram jornalistas da agência France-Presse.
"É preciso salvar o povo, não o poder", "Nenhum truque, Bouteflika", gritam ainda os estudantes, que se manifestam pela terceira terça-feira consecutiva, após apelos nas redes sociais.
O logótipo da contestação inicial iniciada a 22 de fevereiro contra um 5.º mandato -- um sinal de proibido com um 5 -- já foi mudado e o número é agora o 4, contra o prolongamento do atual mandato do presidente Bouteflika.
Confrontado com uma contestação inédita desde a sua eleição para a presidência há 20 anos, o chefe de Estado anunciou na segunda-feira que não vai disputar um quinto mandato e adiou as presidenciais de 18 de abril.
Prolongou assim o seu mandato 'sine die' até a um próximo escrutínio, com data a fixar por uma "Conferência Nacional", cujos trabalhos podem durar até ao final do ano.
A França, antiga potência colonial, saudou hoje pela voz do presidente Emmanuel Macron a decisão "do presidente Bouteflika, apelando a "uma transição de duração razoável".
A mobilização estudantil de hoje será a primeira indicação do sucesso ou fracasso do anúncio do chefe de Estado para acalmar a contestação.
Estão previstas concentrações de estudantes noutras cidades, entre as quais Annaba (nordeste), e os alunos apelaram ainda a manifestações nos diferentes campus.
Bouteflika prometeu não voltar a candidatar-se à Presidência, dando como justificação a sua saúde e idade. Com 82 anos, raramente tem sido visto em público desde um acidente vascular-cerebral em 2013, fazendo aumentar a frustração da população pelo seu evasivo estilo de liderança.
Na segunda-feira a agência noticiosa oficial APS informou ainda que Noureddine Bedoui, até agora ministro do Interior, foi designado primeiro-ministro em substituição de Ahmed Ouyahia, também muito contestado durante as mais de duas semanas de manifestações.
Bedoui será acompanhado por um vice-primeiro-ministro, Ramtane Lamamra, também nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros (posto que ocupou entre 2012 e 2017) na tarefa de formar um novo governo, acrescentou a APS.
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