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Crianças americanas podem estar presas no último reduto do ISIS

Ex-mulher pegou nas crianças e fugiu para a Síria para se juntar ao ISIS. O pai das crianças luta agora por recuperá-las.

Crianças americanas podem estar presas no último reduto do ISIS
Notícias ao Minuto

13:16 - 05/03/19 por Pedro Filipe Pina

Mundo Bashirul Shikder

É na vila de Baghuz, já cercada e alvo de bombardeamentos, que se encontram os últimos jihadistas na Síria do autoproclamado Estado Islâmico.

Naquele espaço, cercado e alvo de intensos combates, estarão duas crianças norte-americanas.

Esta história, de que o New York Times dá conta, é mais uma a levantar dúvidas sobre como devem governos ocidentais proceder perante cidadãos que partiram para a Síria para se juntar aos jihadistas. O caso é particularmente complexo dado que em causa estão duas crianças, sem culpa de ali estarem, e já órfãs de mãe.

O pai das crianças, Bashirul Shikder, é um cidadão do Bangladesh que emigrou para o Canadá ainda novo e, mais tarde, para os Estados Unidos.

Na Florida, casou com outra cidadã do Bangladesh, Rashida Sumaiya, tendo vivido uma vida normal, até há quatro anos.

Em março de 2015, a mulher de Bashirul pegou nas duas crianças e partiu. Supostamente, ia a Orlando, para visitar os seus pais, mas a dada altura deixou de responder às mensagens do então marido. Na verdade, partira para a Turquia com a irmã e, daí, tinha chegado à Síria com as crianças e a irmã, numa altura em que o ISIS dominava vastas partes do país, impondo a sua brutalidade.

As crianças,  um menino, Yusuf, e uma menina, Zahra, tinham quatro anos e dez meses de idade, respetivamente, quando foram levadas para a Síria.

Pouco tempo após a mulher ter chegado à Síria, Bashirul foi contactado por um homem com sotaque britânico que lhe disse que a mulher e as crianças estavam no Estado Islâmico. Bashirul tinha um mês para chegar à Síria ou mandar dinheiro para os terroristas. Mas Bashirul não fez nem uma coisa nem outra e entrou em contacto com o FBI.

De então para cá, foi sabendo pontualmente o estado das crianças. A ex-mulher contactou-o pontualmente, mostrando-lhe imagens das crianças e pondo-os ao telefone. A dada altura contou também ao antigo marido que tanto o passaporte dela como o da irmã tinham sido retirados. 

Mais tarde, em 2016 Bashirul recebeu um documento produzido no Estado Islâmico que o dava como divorciado. Terá sido um pedido da mulher, alegando que o marido vivia na América, terra de infiéis. Apesar de tudo, foi tendo notícias aos poucos dos filhos ao longo dos anos.

Em dezembro passado foi a última vez que ouviu algo sobre a mulher. E em janeiro deste ano, a irmã da mulher revelou-lhe que esta tinha morrido num ataque aéreo. As crianças sobreviveram. Um mês depois, disseram-lhe que os filhos estariam num campo de refugiados no Iraque. Bashirul partiu para o Iraque mas sem sucesso: os filhos não estavam lá. 

Clive Stafford Smith, um dos advogados que está a acompanhar Bashirul, dá conta de provas que mostram que as duas crianças estarão entre os civis que se encontram no último reduto do ISIS, ao cuidado de uma cidadã britânica que se juntou ao ISIS e que continua relutante em entregar-se.

Bashirul Shikder, de 38 anos, é muçulmano e norte-americano. Tem contado com o apoio de ativistas para tentar recuperar as crianças que a mulher levou para a Síria. "São inocentes", realça ao jornal nova-iorquino sobre as crianças que se encontram em Baghuz, o último estertor do grupo terrorista que há poucos anos se deu a conhecer ao mundo como Estado Islâmico.

O presidente Donald Trump fez questão de realçar que não autorizaria o regresso de Hoda Muthana, uma norte-americana que se juntou às fileiras do ISIS e que contava agora cumprir pena em solo norte-americano. São vários os países a Ocidente que se têm debatido com dúvidas sobre como lidar com os cidadãos que abandonaram os seus países para chamarem ao autoproclamado Estado Islâmico a sua casa. Neste caso, porém, as autoridades norte-americanas terão de se debruçar sobre duas crianças, levadas para a guerra pela mãe ja falecida.

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