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"Falsos positivos". Generais matavam civis para contar como guerrilheiros

Nove generais do exército colombiano estão envolvidos em execuções extrajudiciais de civis, apresentadas como guerrilheiros mortos em combate durante o conflito armado, denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).

"Falsos positivos". Generais matavam civis para contar como guerrilheiros
Notícias ao Minuto

19:02 - 27/02/19 por Lusa

Mundo Colômbia

Segundo a organização não-governamental (ONG) de defesa de direitos humanos, "existem provas credíveis" do envolvimento destes oficiais de alta patente nos casos de "falsos positivos", como são designadas na Colômbia estas execuções de civis por membros das forças de segurança entre 2002 e 2008, para falsificar por alto o número de guerrilheiros abatidos com o objetivo de obterem promoções e outras vantagens.

"As autoridades colombianas deveriam desencadear investigações sérias contra os generais envolvidos nos 'falsos positivos', em vez de os designar para postos mais importantes no exército", considerou José Miguel Vivanco, diretor da HRW para as Américas, citado no comunicado da ONG.

Ao promover estes generais, o Governo transmite às tropas a mensagem preocupante que cometer abusos pode não ser um obstáculo para progredir na carreira militar", acrescentou.

Entre os generais promovidos e contra quem, segundo a HRW, existem "provas que os relacionam com graves abusos", incluem-se o general Nicacio de Jesus Martinez, novo comandante do exército, Jorge Enrique Navarrete, chefe de Estado-Maior operativo, Raul Antonio Rodriguez, chefe de Estado-Maior de planificação, e seis outros generais, designados em dezembro pelo Presidente Ivan Duque.

No caso do general Martinez, a ONG especifica que era segundo comandante da Décima brigada entre outubro de 2004 e janeiro de 2006, alvo de uma investigação da procuradoria por 23 execuções extrajudiciais.

"Os tribunais colombianos condenaram centenas de membros do exército, na maioria soldados, pelo seu envolvimento em execuções extrajudiciais, mas não fez comparecer perante a justiça os comandantes responsáveis por estes crimes", sublinhou a HRW.

Segundo a ONG, cerca de 3.000 civis foram executados entre 2002 e 2008, sendo se seguida condenados 961 militares.

O Governo colombiano do conservador Iván Duque reforçou recentemente a ofensiva contra o Exército de Libertação Nacional (ELN, o último grupo guerrilheiro de esquerda ainda ativo no país) em plena vaga de assassínios de defensores de direitos humanos e líderes comunitários e em que estarão envolvidos, segundo o procurador-geral, a guerrilha, dissidentes da ex-guerrilha das FARC e grupos de narcotraficantes.

Pelo contrário, as forças guerrilheiras acusam as forças de segurança, com a cumplicidade do aparelho de Estado e grupos paramilitares de extrema-direita, de implicação no assassínio de centenas de militantes e ativistas.

Em 2018, pelo menos 247 dirigentes comunitários, militantes e ativistas foram assassinados na Colômbia, segundo os dados do Defensor do Povo, uma entidade pública de defesa dos direitos humanos.

A Colômbia tenta terminar com um conflito armado que se prolonga há mais de 50 anos - em particular após o acordo de paz de 2016 e o desarmamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) -, que envolveu dezenas de organizações guerrilheiras, milícias paramilitares de extrema-direita e forças da ordem, com um balanço de oito milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos e populações deslocadas.

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