Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 13º MÁX 19º

"Libertação das ex-colónias" teve impacto no fim da ditadura em Portugal

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu hoje que a revolução do 25 de abril de 1974, que acabou com a ditadura em Portugal, só foi possível "graças à ação dos movimentos de libertação das então colónias".

"Libertação das ex-colónias" teve impacto no fim da ditadura em Portugal
Notícias ao Minuto

20:43 - 21/02/19 por Lusa

Mundo António Guterres

A ação de movimentos como "a Frelimo em Moçambique, MPLA em Angola e PAIGC na Guiné-Bissau", disse António Guterres, "fez os militares portugueses perceberem que esta [referindo-se à Guerra Colonial] era uma guerra sem sentido, que tinha de ser parada e que a única forma de a parar era com uma revolução em Lisboa", citou a ONU News, órgão oficial das Nações Unidas.

António Guterres, que discursou na abertura do encontro anual da Comissão Especial de Descolonização, na sede da ONU, em Nova Iorque, disse que aquele era um tema próximo do seu coração e lembrou que nasceu em Portugal durante a ditadura de António de Oliveira Salazar.

Uma ditadura que, considerou, oprimiu "não apenas o povo português, mas também o povo das ex-colónias."

O secretário-geral disse ainda que quando jovem via "na propaganda do regime referências muito negativas" àquela Comissão da ONU.

Por isso, explicou, foi muito "emocionante", depois de "viver de forma tão intensa" a libertação do seu país e das ex-colónias, ser presidente temporário da comissão na sessão de abertura.

Para o chefe da ONU, "a descolonização é um dos capítulos mais significativos da história da organização".

"A descolonização ajudou a transformar a adesão das Nações Unidas, impulsionando o crescimento dos 51 membros originais para os 193 de hoje", disse o secretário-geral da organização, referindo o envolvimento da ONU nos processos de independência das últimas décadas.

Porém, lembrou, que ainda existem 17 territórios não autónomos em todo o mundo, e afirmou que "essa história ainda está a ser escrita" e que cada um dos casos "merece atenção".

Cada um ainda espera obter o autogoverno, de acordo com o Capítulo 10 da Carta das Nações Unidas e a Declaração de 1960 sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, referiu.

Destacou o caso da Nova Caledónia, ao afirmar que "teve um movimento notável" nos últimos meses.

Em novembro, os habitantes deste grupo de ilhas do Pacífico Sul expressaram a sua vontade sobre o futuro do território em referendo, com o "não" à independência a obter a maioria dos votos.

Guterres considerou que "este foi um passo importante no processo de descolonização" e que a cooperação da França, que administra o território, foi "louvável".

A Comissão da ONU também esteve envolvida no processo, ajudando a Nova Caledónia com duas missões de visita antes do referendo.

Para alcançar a descolonização, Guterres diz que "as vozes dos povos dos territórios devem ser ouvidas", como aconteceu neste caso.

O chefe da ONU afirmou que a cooperação de todos os interessados, é "vital" e que é "primordial" que os povos compreendam as opções disponiveis e que têm direito de escolher livremente.

O comité das Nações Unidas para a Descolonização foi criado em 1961 pela Assembleia Geral e analisa, todos os anos, uma lista de territórios. Faz também recomendações, ouve representantes, realiza missões de visita e organiza seminários sobre a situação nos territórios.

Guterres terminou o discurso lembrando que a comissão acompanhou muitos territórios neste processo e considerou que "os sucessos da ONU na descolonização ao longo das décadas podem inspirar nos dias de hoje".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório