Grupo de dissidentes trabalhistas e conservadores é o quarto maior
O Grupo Independente formado pelos 11 deputados dissidentes dos partidos Trabalhista e Conservador tornou-se no quarto maior grupo no parlamento britânico, igualando os Liberais democratas e superando os 'unionistas' norte-irlandeses.
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Mundo Parlamento
Com a saída de três deputados, o partido Conservador tem agora 314 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, enquanto ao partido Trabalhista, principal partido da oposição, restam 247 parlamentares após a saída de oito deputados.
O Grupo Independente foi formado na segunda-feira pelos trabalhistas Chuka Umunna, Luciana Berger, Chris Leslie, Angela Smith, Mike Gapes, Gavin Shuker e Ann Coffey, seguidos por Joan Ryan na terça-feira.
As antigas conservadoras Sarah Wollaston, Heidi Allen e Anna Soubry juntaram-se hoje ao chamado The Independent Group (TIG), que soma 11 membros, o mesmo número que o grupo parlamentar dos Liberais Democratas e mais um que o do Partido Democrata Unionista, da Irlanda do Norte.
O terceiro maior grupo parlamentar continua a ser o do Partido Nacionalista Escocês (SNP), com 35 deputados.
"Claro que queremos crescer e acreditamos que vamos [crescer]. Precisamos de esperar que mais colegas se juntem e acreditamos que acontecerá nas próximas semanas", afirmou hoje Heidi Allen à estação de televisão BBC News.
O primeiro teste do TIG, que ainda não tornou oficial a formação de um partido, será na próxima semana, quando a primeira-ministra, Theresa May, fizer uma nova declaração sobre o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), após a qual serão votadas propostas sobre os próximos passos.
Unidos na oposição ao 'Brexit', os 11 deputados poderão influenciar o rumo do processo, acredita o analista Joe Twyman, diretor da empresa de sondagens Deltapoll.
"A principal prioridade deles é o 'Brexit', seja a favor de um segundo referendo, do fim do 'Brexit' ou de ficar no mercado único, mas querem ser o fiel da balança nessa questão", salientou, em declarações à BBC News.
John Curtice, professor na universidade de Strathclyde, afastou comparações com a formação do Partido Social e Democrata (SDP), resultado da desfiliação de quatro deputados do partido Trabalhista em 1981.
Na altura, invocaram divergências com a liderança de Michael Foot, que defendia o fim unilateral do armamento nuclear britânico e a saída da então Comunidade Económica Europeia, atual União Europeia.
Curtice sublinhou que o facto de o TIG ter dissidentes trabalhistas e conservadores "mostra que o 'Brexit' está a dividir ambos os partidos", mas antevê o mesmo dilema que o centrista SDP, que mais tarde se fundiu com os Liberais Democratas por partilhar os mesmos valores.
"Apelam ao mesmo tipo de eleitorado, a favor do empreendedorismo, da permanência na UE e contra o 'Brexit'", descreveu na BBC News.
O líder dos Liberais Democratas, Vince Cable, admitiu que existe uma "complementaridade" e prometeu "trabalhar nas próximas semanas com eles e com outros para garantir que impedimos os estragos que o 'Brexit' pode fazer".
A colaboração com outros partidos da oposição, como os Liberais Democratas, os nacionalistas escoceses do SNP e os galeses do Play Cymru, poderá ser importante para o TIG participar ativamente no trabalho parlamentar.
Os grupos políticos mais pequenos têm acesso a menos financiamento, menos tempo de intervenção durante os debates e têm dificuldade em fazer parte das comissões parlamentares.
Para deputados habituados a terem intervenções frequentes nos plenários "poderá ser incrivelmente frustrante descobrir que têm menos voz na câmara e no processo legislativo", avisou Louise Thompson, professora de ciência política na Universidade de Manchester.
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