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Paris responde a Itália que extradições são "tratadas pela justiça"

A ministra dos Assuntos Europeus francesa, Natalie Loiseau, frisou hoje que cabe à justiça, não ao Governo, decidir sobre extradições, em resposta ao vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, que exige o regresso de "terroristas" italianos a viver em França.

Paris responde a Itália que extradições são "tratadas pela justiça"
Notícias ao Minuto

13:17 - 18/02/19 por Lusa

Mundo Migrações

Salvini, que é também ministro do Interior, definiu como uma das questões mais importantes a resolver com França a extradição para Itália de "dezena e meia" de "terroristas italianos", antigos militantes da extrema-esquerda, "que foram condenados, mas levam uma boa vida em França".

"É uma questão que é tratada entre uma justiça e outra. Não compete a um ministro do Interior, mesmo que seja vice-primeiro-ministro, vir buscar membros brigadistas em França, como não compete ao seu homólogo francês entregar-lhos", disse a ministra em entrevista ao jornal Le Monde.

"É um trabalho entre magistrados, que analisam caso a caso, no respeito por uma eventual prescrição dos factos. É caso a caso, mas não há nenhuma razão para nos opormos a uma eventual extradição", acrescentou.

A posição contraria a chamada "doutrina Mitterrand", do ex-presidente francês François Mitterrand (1981-1995), que decidiu não autorizar a extradição de militantes da extrema-esquerda italianos que tivessem renunciado à luta armada e não tivessem sido condenados por crimes de sangue.

"Não tenho doutrina em questões de justiça (...) Cabe aos magistrados decidir", insistiu.

A ministra admitiu, no entanto, que França "durante muito tempo subestimou o trauma do terrorismo em Itália ou em Espanha".

Em relação a outra das questões suscitadas por Salvini, a da imigração, Loiseau recusou as críticas do dirigente italiano, sublinhando que França é um dos países europeus que repetidamente se oferece para acolher migrantes recolhidos no mar.

"De cada vez que um navio recolhe náufragos, não é o chanceler austríaco, nem o primeiro-ministro polaco ou o seu homólogo húngaro que aceitam assumir a sua parte e receber candidatos a asilo. Não é apenas a França que o faz, mas França fá-lo", disse.

"Entre 2017 e 2018, o número de migrantes que chegou às costas italianas foi dividido por dez graças à ação da União Europeia. O discurso da ausência de solidariedade dos parceiros é político e eleitoralista", afirmou.

A entrevista da ministra francesa é feita depois do regresso a Roma do embaixador de França, Christian Masset, chamado a Paris num contexto de crise política entre os dois países, agudizado com a decisão do outro vice-primeiro-ministro italiano Luigi di Maio de se reunir com representantes do movimento de contestação francês 'coletes amarelos'.

Segundo a ministra, Di Maio admitiu e emendou "o gesto inapropriado e inamistoso" que constituiu aquele encontro e a situação está ultrapassada.

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