UE apreensiva com apelo dos EUA para julgar 'jihadistas' de cada país
Os Estados-membros da União Europeia (UE) reagiram hoje com apreensão ao apelo feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos países europeus, para repatriarem e julgarem os seus combatentes do Estado Islâmico (EI) detidos na Síria.
© Reuters
Mundo Síria
O pedido, feito através de um 'tweet' publicado no sábado à noite e dirigido especialmente à Alemanha, França e Reino Unido, surge numa altura em que o EI está prestes a perder o último território do 'califado', pressionado pela aliança árabe-curda e a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.
Reagindo ao pedido de Trump, em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, afirmou que "certamente não será tão fácil quanto eles pensam nos EUA".
Falando aos jornalistas à entrada da reunião com outros homólogos da UE, este governante notou que "os cidadãos alemães têm o direito a voltar, mas atualmente existem poucas possibilidades de verificar, na Síria, se eles estão a ser afetados".
Em causa está o facto de poucos países da UE terem embaixadas naquela região.
Heiko Maas notou que, para esses retornos acontecerem, seria necessário "verificar até que ponto essas pessoas estão envolvidas com o EI, o que iria resultar na abertura de processos criminais".
Ainda assim, o maior contingente de europeus a lutar pelo EI na Síria provém de França.
As autoridades francesas têm mostrado preocupação porque, em 2015 e em 2016, uma célula de combatentes franceses (e também belgas) saiu da Síria para a Turquia, podendo ter causado os ataques terroristas de Paris e Bruxelas.
"Os últimos bastiões territoriais do Daesh [EI] estão a cair, mas isso não significa que a ação do Daesh esteja concluída, pelo contrário", realçou o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, na mesma ocasião, em Bruxelas.
Apesar de não ter reagido hoje, o Reino Unido já afirmou que não aceita de volta cidadãos que se tenham juntado ao EI, pretendendo retirar-lhes a nacionalidade britânica.
Também anteriormente, a Bélgica já disse que não se iria esforçar para assegurar a libertação de 12 cidadãos belgas presos na Síria e dois no Iraque.
Até ao momento, foram poucos os países da UE que já se pronunciaram relativamente ao pedido dos Estados Unidos.
Hoje, na entrada para a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia da Hungria, Peter Szijjarto, disse tratar-se de "um dos maiores desafios que os países vão enfrentar nos próximos meses", vincando que "o "principal esforço" deve ser "não permitir que eles voltem à Europa".
Já o ministro eslovaco Miroslav Lajcak indicou que este país "certamente seria a favor" se a Europa trouxesse de volta os seus combatentes, pedindo uma clarificação da posição da UE sobre esta matéria.
No 'tweet' de sábado à noite, Donald Trump escreveu: "Os Estados Unidos pedem ao Reino Unido, França, Alemanha e aos outros aliados europeus para levarem mais de 800 combatentes do EI que nós capturámos na Síria para os julgarem".
"Não há alternativa porque seremos forçados a libertá-los. Os Estados Unidos não querem que estes combatentes do EI se espalhem na Europa, para onde se prevê que vão", adiantou.
Os combatentes estrangeiros capturados e as respetivas famílias são originários de 46 países.
No total, 790 homens encontram-se detidos pelas forças especiais curdas numa prisão, ao passo que 584 mulheres e 1.250 crianças foram colocadas em dois campos.
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