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Médicos que apoiam portugueses desistem de apoio do governo

A Associação de Médicos Luso-venezuelanos, que acompanha lusodescendentes doentes na Venezuela, desistiu da ajuda do Governo português e passou a contar com apoio da AMI. Desistiram de esperar por uma ajuda prometida que, segundo os médicos, nunca chegou.

Médicos que apoiam portugueses desistem de apoio do governo
Notícias ao Minuto

09:30 - 15/02/19 por Lusa

Mundo Venezuela

Carla Dias, uma das responsáveis da associação, nem quer acreditar naquilo que tem acontecido. Várias reuniões, visitas de dois secretários de Estado portugueses, das Comunidades e da Saúde, em outubro, um programa de apoio aos doentes lusodescendentes com a entrega de medicamentos e, afinal, diz, "a única coisa que chegou foram medicamentos desajustados das doenças indicadas numa extensa lista, alguns até fora de prazo".

Não percebe o que pode ter acontecido, só lamenta que "os políticos façam promessas e depois não as cumpram".

Aconteceu a visita recente de Fernando Nobre, da Assistência Médica Internacional (AMI), a Caracas e os médicos da associação apresentaram todo o programa. "Ficou impressionado e decidiu a participação de 30 mil euros", conta Carla Dias.

Quem está mesmo desesperada é a portuguesa nascida na Venezuela Zita de Freitas. Sofre de uma doença cancerígena e tem de tomar um medicamento (Afanix40) de forma constante e prolongada no tempo. Mostra o passaporte e o bilhete de identidade para provar que é lusodescendente e conta como chegou ao programa apoiado pelo Governo português.

Um dos médicos da associação chegou mesmo a falar ao telefone com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e Zita também recebeu um telefonema depois de um trabalho da RTP sobre o assunto, mas o medicamento nunca chegou.

Quem tomou essa responsabilidade de manter Zita viva "foram os médicos da associação, que o pagam do seu bolso", explica a doente.

Que lhe disse o Secretário de Estado? "Que tenho de ir a Portugal para ser avaliada para se saber se é mesmo este o medicamento que tenho de tomar. Como não? Estes são alguns dos melhores médicos de oncologia de toda a América Latina", indigna-se Zita quando conta o episódio.

A médica Carla Dias aproveita para dizer que tudo se resolveria numa chamada pela internet entre profissionais e não percebe toda a complicação criada pelo Governo português.

Zita de Freitas, que precisa daquele medicamento, que não se vende em Caracas, para viver, não percebe se o comportamento do Estado português neste processo "é política, se é burocracia", o que pede é sinceridade: "Não se pode ser tão indolente. Digam-me, sejam sinceros comigo, vão ajudar ou não?".

"Só estou a dar esta entrevista, porque estes medicamentos são a minha vida. Se me prometeram ajuda, digam se posso contar convosco", é o apelo de Zita ao Governo português.

Contactada a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, dada a diferença horária, foi garantida uma reação durante o dia de hoje.

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