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Analistas pedem eleições para acabar com instabilidade em Espanha

Analistas políticos espanhóis defendem que o atual ambiente político "irrespirável" deveria levar o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, a marcar eleições legislativas em abril, para por fim a uma "instabilidade política que se arrasta há meses".

Analistas pedem eleições para acabar com instabilidade em Espanha
Notícias ao Minuto

16:23 - 13/02/19 por Lusa

Mundo Política

"O ambiente político está irrespirável e não há outra alternativa" que não seja a realização de eleições antecipadas, disse hoje à agência Lusa Carlos Barrera, Professor de Comunicação Política da Universidade de Navarra.

O parlamento espanhol rejeitou hoje a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2019, uma votação considerada decisiva para o futuro do Governo minoritário socialista.

Pedro Sánchez e vários dirigentes socialistas têm afirmado que, sem orçamento, a legislatura, que deveria terminar em meados de 2020, seria "encurtada".

Para o analista político, o que se deve discutir neste momento é "a data melhor para a realização das eleições", e avança que isso deverá acontecer "antes do verão".

A maior parte dos analistas e dos jornalistas espanhóis aposta, por várias razões, no dia 28 de abril, mas a decisão definitiva sobre o que vai acontecer a seguir será anunciada na sexta-feira por Pedro Sánchez, depois da habitual reunião semanal do Conselho de Ministros.

O professor de direito na Universidade Europeia Jorge Sánchez também concorda que "o mais provável" é a convocação de eleições antecipadas "rapidamente", mas admite que o primeiro-ministro também pode ser tentado a marcá-las para o próximo outono.

Pedro Sánchez, "que é muito errático na tomada de decisões" poderia apostar no "desgaste" e nas "tensões internas" entre os três partidos de direita, que poderão ter um bom resultado e ser tentados, na sequência da consulta de 26 de maio, a repetir noutras Comunidades Autonómicas e autarquias a coligação que têm na Andaluzia desde janeiro último.

"Uma coisa é certa", afirmou o professor universitário, "se Sánchez decidisse continuar a Governar até ao fim da legislatura, seria a sua morte lenta".

No caso muito provável de marcação da consulta eleitoral, esta não deverá coincidir com a das eleições europeias, autonómicas e autárquicas previstas há já alguns meses para 26 de maio próximo.

Os barões e dirigentes regionais de todos os partidos, socialistas incluídos, não querem as legislativas também nesse dia porque iriam "abafar completamente" uma consulta onde querem que se fale dos problemas de cada uma das regiões, e não de questões nacionais.

Uma outra possibilidade rejeitada seria que a consulta se realizasse a 14 de abril, no início da Semana Santa, que é uma das principais celebrações do ano litúrgico cristão, uma data em que muitos espanhóis estariam de férias.

Os analistas não arriscam sobre qual poderá ser o resultado das eleições, considerando-o "muito, muito imprevisível", no quadro de uma "situação de grande incerteza".

As últimas sondagens dão conta de uma vantagem do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), com 25-30%, seguido do PP (Partido popular, direita), com 15-20%, e, com percentagem semelhante, do Cidadãos (direita liberal), e também do Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda).

Mas depois das eleições regionais andaluzas, realizadas em dezembro do ano passado, a subida exponencial do Vox (extrema-direita) veio baralhar ainda mais o sistema partidário espanhol, avançando algumas sondagens que esta formação poderia chegar aos 10%, ou mais.

"O chefe do Governo já devia ter marcado eleições em setembro passado, quando estava em alta. Agora está mais enfraquecido", considera Jorge Sánchez.

Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro em 02 de junho de 2018, depois de o PSOE, com apenas 84 deputados de um total de 350, ter conseguido aprovar no parlamento, na véspera, uma moção de censura contra o executivo do PP, com o apoio do Unidos Podemos e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.

Estes últimos chumbaram agora o projeto orçamental de Pedro Sánchez e são os principais responsáveis pelo aumento da instabilidade política.

"Felizmente que a economia vai bem", afirma Carlos Barrera, acrescentando que Espanha "precisa de ter estabilidade política e económica nos próximos anos".

Antes do Governo minoritário socialista, o país foi governado por um executivo, também minoritário, do PP, que tinha o apoio parlamentar do Cidadãos.

PP e PSOE são os partidos que desde a transição democrática, iniciada em 1978, se intercalavam na condução dos destinos do país, mas este sistema bipartidário foi substituído nos últimos anos, com o aparecimento do Cidadãos e do Podemos.

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