Vice venezuelana: Ajuda humanitária dos EUA "é cancerígena"
A vice-presidente da Venezuela disse hoje que a ajuda humanitária fornecida pelos Estados Unidos, que inclui alimentos e medicamentos e está retida atualmente na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta, "é cancerígena" e vai envenenar aqueles que a consumirem.
© Reuters
Mundo Delcy Rodríguez
"Essa ajuda está contaminada e envenenada, é cancerígena, assim demonstraram diferentes estudos científicos", afirmou Delcy Rodriguez, sem adiantar informações que comprovassem tais alegações, num discurso transmitido pela televisão estatal VTV.
Segundo a representante, os Estados Unidos pretendem com estas doações "envenenar através de produtos químicos" os venezuelanos.
"Devemos ficar em alerta (...) poderemos decidir que são armas biológicas", insistiu a vice-presidente venezuelana.
Na mesma intervenção, Delcy Rodriguez qualificou como "um espetáculo barato" e "um insulto" o facto de a oposição venezuelana e de vários governos da região, liderados por Washington, afirmarem que a Venezuela precisa de ajuda.
As declarações de Delcy Rodriguez surgem um dia depois de um dirigente chavista, Freddy Bernal, ter garantido que pelo menos 14 colombianos tinham sofrido intoxicações após a ingestão de alimentos da ajuda humanitária que se encontra armazenada em Cúcuta, na Colômbia, onde espera autorização para passar a fronteira até à vizinha Venezuela.
Na altura, o representante chavista indicou que a informação tinha sido avançada por um diário local.
O jornal em questão, o diário La Opinión de Cúcuta, já desmentiu, entretanto, a publicação de tal informação, que acabou por ser amplamente divulgada nas redes sociais.
O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou hoje que a 23 de fevereiro entrará a ajuda humanitária no país.
"A ajuda humanitária vai entrar, sim ou sim (de qualquer maneira), o usurpador terá que ir-se (embora), sim ou sim, da Venezuela", disse.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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