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Freiras dos EUA pedem mudanças na estrutura da igreja para abordar abusos

A maior associação de religiosas dos Estados Unidos pediu uma revisão da liderança da igreja, defendendo que a extensão dos abusos no clero "indicam que as estruturas atuais devem mudar" para que seja recuperada a credibilidade moral.

Freiras dos EUA pedem mudanças na estrutura da igreja para abordar abusos
Notícias ao Minuto

18:00 - 08/02/19 por Lusa

Mundo Igreja

Em comunicado, a Conferência das Mulheres Religiosas para a Liderança (LCWR, na sigla em inglês), que representa cerca de 80% das freiras católicas nos EUA, agradecem o facto de o papa Francisco ter reconhecido a existência de abusos.

"Somos muito gratas pelo reconhecimento público do papa Francisco do abuso sexual de freiras católicas por membros do clero. As suas palavras francas lançam luz sobre uma realidade que tem sido amplamente escondida do público e acreditamos que sua honestidade é um importante e significativo passo à frente.

A organização adianta, contudo, esperar que esse reconhecimento seja uma força motivadora para todos na Igreja para retificar rapidamente a questão do abuso sexual pelo clero.

"A próxima reunião de bispos sobre abuso sexual oferece a oportunidade para uma ação decisiva", refere a organização.

A Conferência das Mulheres Religiosas para a Liderança deixa algumas recomendações, nomeadamente, a criação de mecanismos para a denúncia dos abusos numa atmosfera onde as vítimas são recebidas com compaixão e onde se possam sentir em segurança.

No comunicado, a associação recomenda ainda uma reflexão sobre as estruturas de liderança da igreja para abordar a questão do clericalismo e garantir que o poder e a autoridade sejam compartilhados com os membros do laicado.

"As revelações da extensão do abuso indicam claramente que as estruturas atuais devem mudar para que a igreja recupere a sua credibilidade moral e tenha um futuro viável", escreve a LCWR.

As freiras católicas que foram abusadas sexualmente por sacerdotes, acrescenta a organização, nem sempre relataram esse crime pelas mesmas razões que outras vítimas de abuso: "um sentimento de vergonha, uma tendência a se culpar, medo de não acreditar, ansiedade sobre possível retaliação, um sentimento de impotência e outros fatores".

"Esperamos que, através do reconhecimento do papa, as irmãs e outros sobreviventes encontrem forças para se apresentarem, e que as suas palavras levem a caminhos mais acolhedores e recetivos de cura", escreve a organização.

No mesmo comunicado, as religiosas adiantam que o assédio sexual e a violação de freiras católicas por padres e bispos foram discutidos em reuniões de líderes de ordens de freiras católicas de todo o mundo durante 20 anos.

Um estudo realizado em 1996 pela Universidade de St. Louis indicou que havia freiras nos Estados Unidos que tinham sofrido algum tipo de trauma sexual por padres católicos.

Nas últimas duas décadas, adianta a organização, aprofundou-se a compreensão das ocorrências de abuso, à medida que o fenómeno se tornou mais visível assim como os seus devastadores efeitos na vida dos sobreviventes.

"Reconhecemos que, como irmãs, nem sempre fornecemos ambientes que encorajem os nossos membros a se apresentarem e a relatar a suas experiências às autoridades competentes. Lamentamos que, quando soubemos de casos de abuso, não nos tivéssemos manifestado com mais firmeza pelo fim da cultura de sigilo e de encobrimentos dentro da Igreja Católica", adianta a Conferência das Mulheres Religiosas para a Liderança no comunicado.

Na terça-feira, o papa Francisco reconheceu que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras, numa resposta a uma pergunta de um jornalista durante uma viagem de avião de regresso dos Emirados Árabes Unidos.

"Havia padres e também bispos que faziam isso", concordou o papa, que nunca tinha abordado a questão diretamente, considerando ainda que é um tema relevante na Igreja.

O papa chamou ao Vaticano, no final de fevereiro, os presidentes de conferências episcopais de todo o mundo para uma cimeira sobre "a proteção de menores".

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