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Bispos da Catalunha vão debater casos de abusos sexuais

A Conferência Episcopal de Tarragona, que agrupa os bispos de todas as dioceses da Catalunha, vai abordar o tema dos abusos sexuais cometidos por religiosos na reunião marcada para os dias 11 e 12 de fevereiro.

Bispos da Catalunha vão debater casos de abusos sexuais
Notícias ao Minuto

13:01 - 08/02/19 por Lusa

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Fontes da Igreja confirmaram a agência espanhola Efe que os bispos incluirão na agenda da reunião ordinária da Conferência Episcopal Tarraconense, a realizar na segunda-feira e terça-feira em Tiana (Barcelona), os casos de abusos, um que envolve um monge de Montserrat -- que morreu há oito anos - outro envolvendo três sacerdotes de Tarragona (um deles falecido também há oito anos) e outro da diocese de Girona.

As mesmas fontes indicaram que os bispos condenarão os abusos, pedirão perdão e se colocarão à disposição das vítimas.

Os bispos, segundo as fontes da Igreja, pretendem também manifestar a sua total disponibilidade para erradicar estas práticas dentro da Igreja Católica, dando instruções para que todas as dioceses e congregações sigam a ordem do papa Francisco de denunciar todos os casos, incluindo junto do Ministério Público, e a aplicar com rigor a lei canónica tomando medidas cautelares contra os acusados.

O presidente do Tribunal Eclesiástico de Barcelona e doutorado em Direito Canónico, Santiago Bueno, explicou na quinta-feira que o Direito Canónico exige a denuncia de qualquer caso de abuso.

Santiago Bueno revelou que atualmente o Tribunal Eclesiástico de Barcelona não está a investigar nenhum caso de abuso porque não recebeu nenhuma queixa formal.

Os religiosos assinalaram que, para o Direito Canónico, todos os abusos de menores são considerados "muito sérios" e que a punição pode incluir a expulsão da carreira clerical, "o que é a maior desonra para um clérigo".

O jurista lembrou que, sempre que um tribunal eclesiástico abrir um caso de abuso, deve informar o Vaticano.

Em relação às declarações de pessoas que foram vítimas de abuso, Bueno esclareceu que o seu tribunal, que não é competente para casos de congregações que têm seu próprio tribunal, não pode abrir um caso se não houver uma queixa específica de uma pessoa.

Santiago Bueno lembrou que na arquidiocese de Barcelona houve dois casos de abuso por padres, um dos quais foi condenado pelos tribunais comuns e outro morreu antes de ser processado.

O jurista reconhece que há pessoas que têm dificuldade em "abrir um processo judicial, porque isso envolve uma certa dor psicológica, e nem todos estão dispostos isso".

Na verdade, explicou, "muitos querem apenas explicar o seu caso para receber conforto espiritual" e são informados que tem de denunciar e abrir um processo judicial.

Na quinta-feira a ministra da Justiça espanhola, Dolores Delgado, enviou uma carta ao presidente da Conferência Episcopal a pedir todas as informações sobre inquéritos internos, reclamações e procedimentos abertos sobre abuso sexual e agressões em instituições religiosas.

Depois de a ministra anunciar a sua intenção de entrar em contacto com a Conferência Episcopal espanhola durante uma entrevista à TVE, o ministério confirmou o envio da carta, à qual se junta um pedido dirigido à Procuradoria-Geral para conhecer diligências abertas em tribunais por alegados crimes cometidos em congregações, escolas e outras instituições religiosas.

Dolores Delgado enquadra o seu pedido aos bispos no âmbito da cooperação entre o Estado e a igreja estabelecida pela Constituição e os acordos com a Santa Sé e salienta a necessidade de "lançar luz sobre factos" sobre os quais "a sociedade não pode dar-se ao luxo de continuar a manter oculto se quer enfrentar o futuro com dignidade".

Na carta, a ministra fez referência à vontade do papa Francisco de denunciar e combater este tipo de comportamentos, tendo convocado os presidentes de todas as conferências episcopais para uma reunião a decorrer no Vaticano de 21 a 24 de fevereiro.

Entretanto a Conferência Episcopal espanhola respondeu que soube da carta através da comunicação social, referindo em comunicado que não recebeu qualquer missiva.

Em comunicado, a Conferência Episcopal assinalou, contudo, que as instituições eclesiásticas colocaram nas mãos do Vaticano e das autoridades judiciais espanholas "os casos de que tiverem conhecimento".

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