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Caracas com menos gente e menos carros. À noite, é uma cidade fantasma

Caracas era há alguns anos uma cidade impossível devido ao trânsito frenético. Poluição, carros por todo o lado. Hoje as largas avenidas estão quase vazias, o Sol põe-se e as ruas ficam desertas. Parece uma cidade fantasma.

Caracas com menos gente e menos carros. À noite, é uma cidade fantasma
Notícias ao Minuto

13:29 - 07/02/19 por Lusa

Mundo Venezuela

Se, em 2015, quando a equipa de reportagem da Lusa se deslocou a Caracas para retratar uma fase crítica da crise social que o país atravessa há já vários anos, se demorava quase sempre entre meia hora a uma hora no trânsito para ir de um ponto para outro na cidade, hoje tudo se faz em cinco, dez ou 15 minutos.

Deixou de haver filas no trânsito, mas continuam a ver-se imensas 'colas', ou filas, para comprar produtos, para ir ao pão, para tudo há uma fila.

A explicação para esta mudança drástica está, segundo vários habitantes da cidade, no abandono de largas centenas de milhares de pessoas que fugiram da Venezuela, mas também com a dificuldade que muitos têm para conseguir comprar peças para os carros cada vez que acontece uma avaria. É quase impossível obter dinheiro. Os bancos permitem apenas o levantamento de dois mil bolívares por dia (menos de um euro, o que mal chega para um café).

Numa cidade gigante como Caracas, ter um aeroporto internacional em que durante mais de uma hora não aterra nenhum avião? Não parece ser normal.

Nos serviços de imigração do aeroporto, dezenas de funcionários aguardavam a entrada de viajantes para fazerem as suas verificações de passaportes, uns navegavam nos seus telemóveis, outros conversavam. Viajantes é que... nada.

Chega-se com o carro a uma bomba de gasolina e pede-se para encher o depósito. Quando o funcionário da petrolífera retira a mangueira do combustível, verifica-se que o depósito ficou a meio. Chama-se racionamento e acontece quando a gasolina está a terminar. Mais frequente no interior, mas também acontece em Caracas.

Tornou-se muito difícil viver na Venezuela. A pergunta impõe-se: "como é que as pessoas conseguem viver? Ninguém tem uma resposta muito clara. Há os que têm quem os ajude, outros já tinham feito poupanças nos últimos anos, outros trabalham em três empregos, outros passaram a comer menos refeições por dia. Sobrevive-se.

Num restaurante italiano de classe média os pratos custam em torno dos 20 mil bolívares, pouco mais de cinco euros, mas o funcionário que serve a mesa pode receber o salário mínimo, que são 18 mil.

Marca-se o hotel e a funcionária pergunta se quer pagar os dias todos já hoje ou quer pagar dia a dia, ou tudo no fim. Qual é a diferença? É que hoje os quartos estarão a um preço, amanhã será já outro, e depois de amanhã será certamente muito mais. A inflação é galopante, tendo o Fundo Monetário Internacional projetado uma percentagem de 10.000.000%, em 2019, para a Venezuela.

As filas nas paragens de autocarros são agora enormes. A explicação também é simples, há menos autocarros, os que avariam já não voltam a andar porque não há divisas para importar peças.

Assim que se faz noite em Caracas, a cidade fica mesmo um deserto. Um carro ou outro, mas já não se vê quase ninguém nas ruas, a maioria muito mal iluminadas.

As razões também são óbvias: os assaltos são comuns. Os relatos de roubos a estabelecimentos fazem parte do dia-a-dia, a regra é sobreviver e quando não há dinheiro para alimentar os filhos, que fazer?

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