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Londres considera lamentável comentário de Tusk sobre "lugar no inferno"

A ministra britânica Andrea Leadsom classificou como "extremamente lamentável" o comentário do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que hoje sugeriu que os defensores do Brexit terão um "lugar no inferno".

Londres considera lamentável comentário de Tusk sobre "lugar no inferno"
Notícias ao Minuto

15:21 - 06/02/19 por Lusa

Mundo Brexit

"O homem não tem maneiras. É extremamente lamentável, não ajuda de todo", lamentou a ministra para os Assuntos Parlamentares, defensora do 'Brexit' num programa da estação pública de televisão BBC, a propósito das declarações de Donald Tusk.

Numa conferência de imprensa hoje em Bruxelas em que participou também o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, Donald Tusk disse: "Tenho-me questionado como será o lugar especial no inferno reservado àqueles que promoveram o 'Brexit' sem terem sequer um esboço de um plano para realizá-lo em segurança".

Citado pelo The Guardian, um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May, disse que cabe ao presidente do Conselho Europeu dizer se "considera útil o uso desse tipo de linguagem".

Para o líder parlamentar do Partido Democrata Unionista (DUP), Sammy Wilson, Tusk é um "euromaníaco diabólico" que "mostrou mais uma vez desprezo pelas 17,4 milhões de pessoas que votaram para fugir à corrupção da UE e procurar o paraíso de um Reino livre e próspero".

Através da rede social Twitter, Wilson acusa o antigo primeiro-ministro polaco de querer reverter o resultado do referendo de 2016 e promete que a resistência dos defensores do 'Brexit' será ainda maior perante "Tusk e o seu bando de manejadores de tridentes".

Numa intervenção na Câmara dos Comuns, o deputado conservador Peter Bone, destacado eurocético, considerou as declarações um "insulto ultrajante" e pediu ao Governo que responda, vincando: "Não me lembro de qualquer presidente que tenha insultado membros desta Câmara, membros do governo e o povo britânico desta maneira".

Em defesa de Tusk falou a líder do Sinn Féin, o rival do DUP na Irlanda do Norte, que relativizou o tom do presidente do Conselho Europeia tendo em conta as posições, por exemplo, do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson ou do eurocético Jacob Rees-Mogg.

"São pessoas que agiram com absoluto desprezo por este país, total desrespeito pelas experiências do povo irlandês do norte e do sul, com total desrespeito pelo processo de paz que foi construído coletivamente ao longo de décadas", disse Mary Lou McDonald após um encontro com Theresa May em Belfast.

A primeira-ministra encontra-se na Irlanda do Norte, numa visita de dois dias, para encontros com políticos e empresários, tendo na terça-feira feito um discurso em que renovou o compromisso de proteger o processo de paz no território britânico.

Theresa May volta a Bruxelas na quinta-feira, onde se vai encontrar com Donald Tusk, com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claud Juncker, e com o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.

A chefe do governo tem como missão negociar com a UE uma alternativa à solução de salvaguarda, conhecida como 'backstop', para evitar uma fronteira com controlos na Irlanda do Norte com a vizinha Irlanda.

A fronteira aberta para a livre circulação de pessoas, bens e serviços é um compromisso assumido nos acordos de paz para o território assinados em 1998 pelos governos britânico e irlandês, no âmbito da União Europeia.

A solução prevista no Acordo de Saída negociado entre o Governo e Bruxelas será ativada se não estiver concluído um novo acordo comercial após o período de transição, no final de 2020, mantendo o Reino Unido na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte sujeita a certas regras do mercado único.

Conservadores eurocéticos e o Partido Democrata Unionista opõem-se, alegando que existe o risco de ficar em vigor por tempo indeterminado e de forçar a Irlanda do Norte a cumprir um quadro regulatório diferente do resto do país.

Esta posição contribuiu para a rejeição em 15 de janeiro por uma margem de 230 votos do acordo negociado por Theresa May com Bruxelas e a aprovação por uma margem de 16 votos de uma proposta que defende a renegociação do tratado para substituir aquele mecanismo por uma alternativa.

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