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Nicolás Maduro rejeita convocar eleições ou abandonar o poder

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou a possibilidade de abandonar o poder ou de convocar novas eleições presidenciais no país, porque não aceita "ultimatos de ninguém", numa entrevista televisiva divulgada no domingo.

Nicolás Maduro rejeita convocar eleições ou abandonar o poder
Notícias ao Minuto

06:32 - 04/02/19 por Lusa

Mundo Venezuela

Falando ao canal televisivo espanhol La Sexta, Maduro sustentou que "[o Presidente dos Estados Unidos] Donald Trump impôs ao Ocidente uma política equivocada" sobre a Venezuela e declarou: "Não vamos submeter-nos".

Inquirido pelo jornalista Jordi Évole sobre se em algum momento pensou em ir-se embora, depois de o presidente do parlamento, Juan Guaidó, se ter autoproclamado a 23 de janeiro Presidente interino da Venezuela, Maduro respondeu que não tem razões para tal.

"Mas porquê, se o povo me elegeu por seis anos?", declarou, acrescentando: "Creio que o que é bom para o meu país é que se respeite a Constituição. Eu sou o primeiro a fazê-lo, eu jurei respeitar e fazer respeitar a Constituição e é esse o meu dever".

O jornalista iniciou a entrevista em exclusivo com Nicolás Maduro falando da situação que muitos jornalistas vivem atualmente na Venezuela: "Sinto-me um privilegiado, mais que companheiros que, nestes dias, foram detidos ou deportados do seu país".

O líder chavista declarou que "na Venezuela há pleno exercício da liberdade de expressão" e negou qualquer detenção de jornalistas.

O problema, explicou, é a existência de "uma campanha" para fazer "a Venezuela parecer um monstro numa ditadura".

"Qualquer facto que suceda é magnificado para se ir somando à campanha permanente de desgaste e justificar qualquer coisa que possa acontecer contra o nosso Governo e país", indicou.

Quando o entrevistador lhe perguntou se se sentirá responsável se a crise institucional na Venezuela acabar mal, Maduro assegurou: "Não vai acabar mal".

"Temos experiência de 20 anos de luta, nós somos realmente uma força popular com carácter histórico, com um projeto e com a liderança do país", insistiu.

De qualquer forma, o dirigente chavista fez saber que "para o bem ou para o mal", assume "toda a responsabilidade", razão pela qual tenta sempre "agir de boa-fé".

Sobre a hipótese de eclodir uma guerra civil na Venezuela, o Presidente do país observou que "nesta altura, ninguém pode responder com certeza, tudo depende do nível de loucura e de agressividade do império do norte".

Confrontado pelo entrevistador com uma frase de Hugo Chávez, proferida depois de subir ao poder -- "Nunca mais as armas, nunca mais a violência" -, Maduro argumentou que a situação mudou, porque agora a Venezuela está a ser "ameaçada pelas maiores potências do mundo".

"A opção militar está em cima da mesa de Donald Trump, temos que preparar-nos para defender o direito à paz", disse o líder chavista.

O jornalista contrapôs que "milhares de venezuelanos inocentes podem acabar pagando com a vida" e Maduro insistiu que isso só acontecerá "se o império norte-americano atacar o país".

A propósito do prazo de alguns dias estabelecido pela União Europeia (UE) para o Presidente venezuelano convocar eleições no país, Nicolás Maduro disse: "Não aceitamos ultimatos de ninguém".

"É como se eu dissesse à União Europeia que lhe dou uns dias para reconhecer a República da Catalunha", declarou.

Além disso, acrescentou, "porque é que a União Europeia há de dizer a um país do mundo que já realizou, no devido momento, as suas eleições presidenciais, que as repita?".

A mensagem que Maduro deixou à UE sobre o ultimato para convocar novas eleições foi: "Não darei o braço a torcer, não voltem a subestimar a Venezuela".

Sobre os dados das presidenciais que o Presidente venezuelano ganhou em maio de 2018 - um escrutínio que, aliás, teve o mais elevado nível de abstenção -, o jornalista perguntou-lhe se foram umas eleições válidas, depois das numerosas análises internacionais que puseram em causa essa validade, e também se não quer convocar outras por medo de as perder.

"Não me nego a convocá-las, há eleições em 2024. Não nos interessa para nada o que a Europa diga da Venezuela, a Europa que se encarregue dos seus problemas, como o desemprego ou a migração", retorquiu.

Apesar de dados da ONU indicarem que mais de 2,3 milhões de venezuelanos abandonaram o país desde 2015, fugindo à pobreza e à instabilidade, Maduro nega que haja uma crise humanitária na Venezuela, defendendo que o que existe é "uma guerra económica brutal".

"A Venezuela não tem uma crise humanitária, tem uma política de atenção social, mas não lhe permitem paliar as feridas da guerra económica", disse o dirigente, acrescentando que "muita gente que deixa a Venezuela vai ao engano, vai com uma esperança que é um falso horizonte".

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