Moçambique atravessa problemas, sem pôr em causa "grandeza da nação"
O ex-presidente moçambicano Armando Guebuza disse hoje que o país atravessa problemas, sem pôr em causa a "grandeza da nação", no primeiro comentário à investigação norte-americana às dívidas ocultas do Estado do país africano.
© Reuters
Mundo Guebuza
"Há problemas, mas isso não põe de forma nenhuma em causa a grandeza deste nosso Moçambique", declarou o antigo chefe de Estado moçambicano, à margem das celebrações centrais do Dia dos Heróis, em Maputo.
Na sua primeira declaração sobre a investigação da justiça dos EUA, revelada no final de dezembro, às dívidas contraídas durante o seu último mandato presidencial (2010-15), o antigo chefe de Estado moçambicano disse ser necessário exaltar a pátria, considerando fundamental que a autoestima permaneça.
"Eu luto pela minha pátria", referiu Armando Guebuza, escusando-se a comentar a detenção, na África do Sul, do deputado e antigo ministro das Finanças no seu Governo, Manuel Chang.
"É o tribunal que trata disso", limitou-se a dizer.
Para Guebuza, os problemas são parte do processo de desenvolvimento de Moçambique.
"O país é um processo. Não há nenhuma sociedade perfeita, não pode haver", referiu o antigo chefe de Estado, observando que o país é unido e assim deve permanecer.
"A autoestima deve permanecer para vencermos todas estas dificuldades que estamos a enfrentar hoje", concluiu Armando Guebuza.
A acusação da justiça norte-americana contém revelações detalhadas sobre o caso das dívidas garantidas pelo Estado moçambicano, entre 2013 e 2014, no governo de Guebuza, a favor das empresas públicas Ematum, Mam e Proindicus, de pescas e segurança marítima, concluindo que terão servido para um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento de vários suspeitos.
O despacho de acusação da justiça dos EUA cita um 'email' de novembro de 2011 que Jean Boustani, o libanês que negociou os empréstimos em representação do estaleiro naval Privinvest, recebeu de uma pessoa cujo nome está rasurado, no qual se lê: "para garantir que o projeto tem luz verde do Chefe de Estado [à data Armando Guebuza], um pagamento tem de ser combinado antes de chegarmos lá, para sabermos e acertarmos, bem antes do tempo, o que tem de ser pago e quando".
Na resposta, enviada três dias depois, a pessoa cujo nome está rasurado, afirma: "Fabuloso, concordo consigo em princípio; vamos combinar olhar para o projeto em dois momentos distintos; um momento é o da massagem do sistema e a obtenção da vontade política para avançar; o segundo momento é a implementação e execução do projeto".
A investigação dos EUA ficou conhecida quando o ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, três ex-banqueiros do Credit Suisse e um intermediário da empresa naval Privinvest foram detidos em diferentes países, desde 29 de dezembro, a pedido da justiça norte-americana.
Em 2016, a revelação de que o Estado tinha dado garantias escondidas a empréstimos que ascendiam a dois mil milhões de dólares levou à suspensão de vários apoios internacionais, contribuindo para a degradação das perspetivas económicas do país.
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